Empresas de alegados golpistas na RDCongo em Maputo não constam do cadastro mineiro - regulador
O Instituto Nacional de Minas disse hoje que as três pessoas entre os envolvidos na suposta tentativa de golpe de Estado na RDCongo e que são apontadas como proprietárias de empresas em Moçambique não constam do cadastro mineiro.
"Os três sócios (o congolês Christian Malanga, que liderou o movimento, Patrick Ducey e Benjamin Reuben Zalman Polun) não estão relacionados a nenhuma empresa registada na base de dados do cadastro mineiro", refere, em comunicado, o Instituto Nacional de Minas (Inami), que admite, no entanto, que as empresas em causa estão registadas em Moçambique, embora não como operadoras mineiras.
"Os nomes das empresas citadas não constam da base de dados do cadastro mineiro, ou seja, não são titulares de licenças mineiras e não submeteram pedidos de licenças no Inami, assim como não estão registadas como operadoras mineiras junto da Direção Nacional de Geologia e Minas do Ministério dos Recursos Minerais e Energia", frisa a entidade em comunicado.
Em causa está o facto de três dos alegados envolvidos na tentativa de golpe de Estado na República Democrática do Congo (RDCongo), incluindo o congolês Christian Malanga, que liderou o movimento, aparecerem em registos oficiais como detentores, desde 2022, de uma empresa mineira com sede em Maputo.
Segundo documentos oficiais do registo da Bantu Mining Company na Conservatória do Registo de Entidades Legais de Maputo consultados hoje pela Lusa, além de Christian Malanga, congolês no exílio -- com passaporte emitido pelo Essuatíni (antiga Suazilândia) -, integram aquela sociedade, com operação em Matola, arredores da capital moçambicana, os norte-americanos Cole Patrick Ducey e Benjamin Reuben Zalman Polun.
Os três registaram ainda no Chimoio, província moçambicana de Manica, a Global Solutions Moçambique, de acordo com a imprensa local moçambicana.
Dezenas de atacantes invadiram às primeiras horas de domingo as residências do Presidente da RDCongo, Felix Tshisekedi, e do vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Vital Kamerhe, numa tentativa de golpe de Estado, rapidamente travada pelo exército congolês.
A tentativa de golpe de Estado foi liderada pelo ativista da diáspora congolesa nos Estados Unidos, Christian Malanga, morto pelas Forças Armadas da RDCongo, depois de invadir o Palácio da Nação, a residência presidencial.
Três norte-americanos alegadamente envolvidos no golpe, incluindo os dois sócios da Bantu Mining Company, foram capturadas pelo exército congolês.
Malanga chegou a publicar vários vídeos na sua página da rede social Facebook que mostravam um grupo de homens armados em uniforme militar no átrio e nos jardins do palácio.
Os atacantes afirmaram ser da diáspora e estar a lutar para expulsar Tshisekedi do poder, segundo a imprensa local.
Por volta das 04:30 (03:30 de Lisboa), homens armados invadiram também a residência de Kamerhe, causando pelo menos três mortos, entre os quais dois polícias encarregados da segurança do político e um dos atacantes.
A embaixadora norte-americana na RDCongo, Lucy Tamlyn, condenou o ataque e manifestou-se "muito preocupada" com o alegado envolvimento de cidadãos dos EUA.
O porta-voz das forças armadas, Sylvain Ekenge, afirmou à televisão pública ter "cortado pela raiz" a "tentativa de golpe", depois de ter sugerido que os atacantes eram congoleses e estrangeiros, mas sem dar pormenores.