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Águias contra pombos: é um confronto de aves que cresceu nos últimos anos. Desde 2021 que mais de uma centena de empresas e proprietários têm licença para usar aves de rapina para espantar outras aves, algo que acontece por exemplo em centros comerciais para salvar almoços.
Ao contrário dos clientes, Harris está de olho não na comida, mas sim nos pombos, num jogo de gato e de rato.
"Eles estão sempre à espera que nõs vamos para um lado e eles vão para o outro", explica Pedro Correia, da empresa Animal Experience.
Numa esplanada aberta de lado, envideraçada e com vista para a rua, os pombos acabam por entrar e "comer o resto do pão, sujam as mesas e fazem as necessidades deles em cima das mesas", como descreve o gerente de um restaurante de comida italiana, Mário Almeida.
Com Harris atenta, ao reparar que os pombos aproximam-se, abana as asas e eles acabam por sair da esplanada.
Pedro Correia diz ser uma "maneira ecológica e dissuasora" de afastá-los, porque afastam "os animais com animais", e há clientes que têm notado diferenças.
Desde 2020, houve um aumento do registo de licenças para espantamento de aves com recurso a aves de rapina, de acordo com dados enviados pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas à Antena 1.
Enquanto nesse ano foram registadas 63 licenças, em 2021 já eram 101, número que atingiu um pico em 2022, com 134 licenças.
Em 2023, baixou para 105 licenças e, até agosto de 2024, eram 111 licenças detidas por empresas e proprietários.
Do total registado até agosto deste ano, mais de metade das licenças ficam nos distritos do sul, com Beja (25%) e Faro (19%) liderar, seguidos do Porto (18%), de Lisboa (14%) e de Évora (8%).