Direcção-Geral de Saúde proíbe venda de Depuralina

por RTP
A Depuralina é um produto natural com venda livre nas farmácias e ervanárias Paulo Cunha, Lusa

A Direcção-Geral de Saúde decidiu suspender a venda do suplemento alimentar Depuralina. A medida foi tomada depois de terem sido conhecidos três casos graves de doença associada ao produto.

“Na sequência de notificações de três casos graves de doença aguda, e após análise por especialistas da Direcção-Geral de Saúde, do Gabinete de Planeamento e Políticas do Ministério da Agricultura e do INFARMED, conclui-se pela existência de fortes suspeitas de associação causal entre a utilização de Depuralina e o aparecimento de episódios tóxicos graves, nomeadamente choque anafilático e hepatotoxicidade”, lê-se no comunicado da DGS.

“Identificada a situação pelos dispositivos de alerta, e à luz do princípio da precaução e por razões de Saúde Pública, foi determinada a suspensão imediata da comercialização do suplemento alimentar Depuralina”, acrescenta o comunicado.

A DGS recomenda aos utilizadores de Depuralina que suspendam o consumo do produto e, caso “apresentem qualquer alteração do seu estado de saúde, consultem de imediato o seu médico”.

A Depuralina é um produto natural utilizado para expulsar resíduos do organismo e tem venda livre nas farmácias e ervanárias.

Produtos naturais também comportam riscos

A Depuralina é um suplemento alimentar com alta concentração de fibras. Da sua composição fazem parte, entre outras substâncias, o farelo de trigo, farelo de aveia, linhaça do Canadá, Figueira-da-Índia e dente de leão.

Em declarações à Agência Lusa, a presidente da Associação Portuguesa de Nutricionistas, Alexandra Bento, sublinhou que, à semelhança dos medicamentos, a Depuralina comporta substâncias activas que desencadeiam efeitos secundários.

"Apesar de ser vendido como um produto natural e não ser de receita médica obrigatória, tal não significa que seja isento de riscos", assinalou a nutricionista.

"Tomar a belo prazer, por ser natural, é um risco", alertou Alexandra Bento.

A especialista sublinhou, ainda, que os consumidores com uma alimentação pobre em fibras correm maiores riscos ao ingerirem produtos como a Depuralina: "O aumento radical da quantidade de fibra pode conduzir a um desequilíbrio intestinal, dores abdominais, diarreia e flatulência".

Infarmed esclarece

A área dos suplementos alimentares é fiscalizada pelo Gabinete de Planeamento de Políticas do Ministério da Agricultura e pela autoridade de Segurança Alimentar e económica (ASAE), e não pela Autoridade dos Medicamentos, esclarece o Infarmed.

Em comunicado, o Infarmed informa “ter dado conhecimento das suspeitas de reacções adversas às entidades competentes", mas sublinha que não lhe compete fiscalizar suplementos alimentares”.

“O Infarmed, como é seu dever, dará todo o apoio técnico-científico às referidas entidades, dentro das suas áreas de competência”, acrescenta.
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