A Direcção de Informação da TVI apresentou a demissão após ter tido conhecimento da decisão da administração da empresa em suspender o Jornal Nacional de sexta-feira apresentado por Manuela Moura Guedes. A Media Capital confirmou a demissão e informou que João Maia Abreu "aceitou manter-se interinamente em funções até ser nomeada uma nova Direcção de Informação".
Em declarações à Antena 1, Manuela Moura Guedes diz que não lhe foi "dada qualquer razão" para o fim do Jornal Nacional de sexta-feira. "Há bocado vieram com uma coisa qualquer que eram razões económicas, coisa que não percebo porque o Jornal Nacional de sexta nem sequer tinha orçamento próprio. Portanto não me parece que sejam razões económicas".
A pivot da TVI diz-se ainda, como jornalista, "muito triste" com esta decisão. (ouvir áudio)
Já em declarações ao jornal "Público", Manuela Moura Guedes afirmou que a redacção tem "pronta uma peça com notícias novas sobre o caso Freeport, com dados novos e, como sempre, documentados".
O diário adianta que a decisão de suspensão do Jornal Nacional veio de Espanha, sede da Prisa, que é proprietária da TVI.
Além da Direcção de Informação, também a chefia de redacção, composta por António Prata e Maria João Figueiredo, apresentou a demissão.
José Eduardo Moniz diz que cancelamento do jornal acontece por influências políticasO ex-director-geral da TVI afirmou que "o que acaba de acontecer é um escândalo a todos os títulos: do ponto de vista político, empresarial e da liberdade de informação em Portugal".
José Eduardo Moniz, que deixou a TVI há poucas semanas, acrescentou que esta posição demonstra "uma enorme falta de verticalidade da parte dos accionistas". "Acabam de revelar que não têm estatuto nem dimensão para terem um órgão de comunicação social em Portugal", disse o agora vice-presidente da Ongoing.
"Nós em Portugal não estamos habituados a ter enfeudamentos a ninguém e a prática da liberdade pressupõe que se respeitem os critérios jornalísticos, que se respeite a liberdade de opinião, que se respeite a liberdade de estilos", disse. "Pelos vistos nada disso é consentâneo com a maneira de pensar e agir nos accionistas da Media Capital".
Questionado sobre as razões para o cancelamento do jornal, Moniz afirmou que não tem "a mínima dúvida de que - não sei se agora, se no passado - influências políticas terão naturalmente contribuído para que uma decisão deste tipo tenha sido tomada"."Influências políticas e naturalmente idiossincrasias empresariais que não são consentâneas com os hábitos que os portugueses têm", conclui. (ouvir áudio)
Entidade Reguladora para a Comunicação Social considera decisão "inaceitável"
O presidente da ERC afirmou esta tarde que considera "absolutamente inaceitável e de uma total ausência de sentido de oportunidade, com uma consequência objectiva de interferência num processo eleitoral, a decisão que hoje foi tornada pública e tomada pela administração da TVI".
José Azeredo Lopes diz que ficou estupefacto com as notícias do cancelamento do Jornal Nacional da TVI.