Ao início da manhã desta quinta-feira, os mais de 60 habitantes desta zona, a maioria imigrantes de São Tomé e Príncipe, começaram a colocar colchões, malas e comida debaixo da ponte.
"Se não tiver aquela casa, vou ficar debaixo da ponte", diz Lor Neves, que pensa montar uma tenda para ela, para a mulher e para um bebé de dois meses.
Lor Neves recebe menos de 400 euros por mês e lamenta que a casa que ali construiu vá ser demolida: "não tenho como ir para um quarto com criança agora".
Já depois de os jornalistas estarem no local, foi comunicado que a saída das casas foi adiada para amanhã, depois de ter sido dado um prazo inicial de dois dias para os moradores abandonarem o espaço. Aqui existem habitações clandestinas e outras casas alegadamente ocupadas de forma ilegal.
Uma proprietária terá reinvindicado recentemente uma casa onde se encontram alguns destes moradores.
Um deles, Odair Barros, respeita a decisão, mas sublinha: "precisamos de ter um tempo para nos organizar".
O Movimento Vida Justa considera que a câmara estava obrigada, por lei, a garantir soluções de realojamento, antes de retirar as famílias de casa. Em comunicado, afirmam temer que estas pessoas acabem por ficar em situação de sem-abrigo, por não terem condições financeiras para encontrar alternativas de alojamento.
Autarquia ainda avalia quem vai apoiar
A Câmara de Loures não esclarece quando vão ser demolidas as casas, mas garante que vai apoiar as famílias, embora ainda não estejam definidas quantas.
A vice-presidente Sónia Paixão fala de uma centena de pessoas que moram nesta zona, sendo que apenas cerca de 20 têm morada em Loures.
A autarquia afirma que a maioria destas construções foram feitas nos últimos meses:
"não podemos deixar proliferar habitações de carácter precário no nosso território".
Artigo atualizado às 11h46, com a indicação de que seria dado mais um dia para os moradores saírem das habitações, e às 15h55, com a posição da Câmara de Loures