Deputados socialistas admitem "ajustamentos" na votação dos emigrantes

por Lusa

Os deputados socialistas pela Emigração, Paulo Pisco e Paulo Porto, lamentaram hoje que "muitos eleitores" emigrantes não tenham podido votar nas presidenciais de domingo, considerando que "existe margem para ajustamentos" no sistema de votação no estrangeiro.

"Lamentamos que muitos eleitores não tenham podido votar, seja por falta de informação, por causa das distâncias, ou por outras razões, o que originou manifestações de frustração e desapontamento compreensíveis por parte de muitos portugueses residentes no estrangeiro", adiantaram, em comunicado, os deputados Paulo Pisco (círculo da Europa) e Paulo Porto (círculo de Fora da Europa).

A tradicionalmente elevada abstenção entre os emigrantes portugueses foi ainda mais agravada nas eleições presidenciais de domingo (98,13%), ganhas à primeira volta pelo Presidente recandidato Marcelo Rebelo de Sousa, que relançou o debate sobre a necessidade de introduzir mudanças no sistema eleitoral dos emigrantes, que para a eleição do Chefe de Estado votam presencialmente nos consulados.

O Presidente da República reeleito, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu a necessidade de uma revisão legislativa antes de novas eleições, para passar a contemplar, nomeadamente, o voto por correspondência, uma possibilidade que já existe para as eleições legislativas.

"Estas eleições demonstraram, uma vez mais, que existe margem para fazer ajustamentos e aperfeiçoar os sistemas de votação, de forma a permitir uma maior participação dos eleitores portugueses residentes no estrangeiro", admitiram os dois parlamentares socialistas.

Para os deputados, os cerca de 28 mil portugueses residentes no estrangeiro que participaram nos dias 23 e 24 de janeiro nas eleições presidenciais, enfrentaram um "contexto muito adverso" por causa dos condicionamentos provocados pela pandemia, muitos deles não tendo conseguido exercer o direito de voto.

"Este foi o valor mais elevado de participação em eleições para o Presidente da República, não obstante ter também aumentado a abstenção, o que obviamente constitui uma preocupação", consideraram os socialistas.

Esta foi a primeira eleição presidencial com um novo universo eleitoral na emigração, que em 2018 passou de cerca de 300 mil eleitores para mais 1,4 milhões, com os consequentes impactos na abstenção.

O recenseamento automático dos portugueses no estrangeiro fez subir a abstenção global em 5,96 pontos percentuais nas presidenciais de domingo, para 60,5%, segundo os resultados provisórios das eleições.

No território nacional, continente e ilhas, a abstenção foi de 54,55.

Marcelo Rebelo de Sousa foi reeleito Presidente da República, com 60,70% dos votos.

Ana Gomes foi a segunda candidata mais votada, com 12,97%, seguindo-se André Ventura com 11,90%, João Ferreira com 4,32%, Marisa Matias com 3,95%, Tiago Mayan Gonçalves com 3,22% e Vitorino Silva com 2,94%.

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