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Deputada estadual brasileira acusa Boaventura de Sousa Santos de assédio sexual

por RTP
Nuno Patrício - RTP

Uma deputada estadual brasileira, Bella Gonçalves, diz ter também sido vítima de assédio sexual pelo investigador Boaventura de Sousa Santos, em 2014. A deputada afirma que denunciou o caso no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES), mas que lhe disseram que o professor "era intocável".

A deputada de Minas Gerais decidiu quebrar o silêncio e assumir publicamente este caso de que alegadamente foi vítima, há nove anos, numa entrevista ao portal online brasileiro "Agência Pública".

"Sou uma das mulheres que sofreu assédio sexual por parte deste senhor, que foi orientador da minha pesquisa de doutorado. Depois de anos de silêncio e muita dor, está na hora de curar", escreveu a deputada no Twitter.


Bella Gonçalves lembra que, na altura do assédio, em 2014, recorreu a vários docentes da Universidade de Coimbra, mas não recebeu solidariedade. A deputada diz que acabou por abandonar a bolsa académica em Coimbra e mudar de país após ter sido assediada.

“Todos diziam que eu não era o primeiro caso. Lamentavam, mas não davam suporte ou saída”, disse Bella Gonçalves à Agência Pública.

"O tom geral era que de facto ele era intocável, qualquer denúncia poderia colocar em risco o meu processo de doutorado. Eu não tinha como colocar em risco o meu processo de doutorado estando a receber uma bolsa"
, acrescentou a deputada brasileira à agência Lusa, sublinhando que, caso o doutoramento não fosse concluído, teria de devolver o dinheiro ao Governo brasileiro.
Questionada sobre se teve conhecimento de mais casos de assédio, respondeu que o seu "não era um caso isolado".

“Decidi dar minha palavra pela postura de negação e descredibilização dele”, disse Bella Gonçalves à Agência Pública.

O depoimento de Bella Gonçalves é o mais recente numa série de denúncias de assédio sexual contra o professor e sociólogo, que vieram à tona após a publicação de um artigo que acusa vários membros do CES de assédio sexual a jovens estudantes e investigadoras.

O CES informou esta sexta-feira que Boaventura de Sousa Santos e Bruno Sena Martins foram "suspensos de todos os cargos que ocupavam" na instituição até ao apuramento das conclusões da comissão independente que vai averiguar as acusações.
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