O primeiro-ministro fez esta noite uma comunicação ao país para dizer que “este é um momento de luto”. António Costa expressou condolências às famílias vitimadas pelos incêndios do fim de semana, reconheceu que o Governo está confrontado com a exigência de “resultados em contrarrelógio” e assumiu um compromisso: “Apagadas as chamas, a solidariedade desta hora terá reflexo na reconstrução das casas”.
António Costa lembrou que o Governo vai reunir-se no próximo sábado em Conselho de Ministros extraordinário “para adotar as medidas da comissão [técnica] independente” que produziu um relatório sobre os incêndios de junho.
“Este é um esforço participado e coletivo de toda a sociedade porque só assim estaremos à altura da exigência que todos partilhamos. Depois deste ano nada pode ficar como antes”, frisou.
Costa advertiu que o país não compreenderia se, na sequência do consenso político-partidário para a formação de uma Comissão Técnica Independente, as conclusões da entidade “caíssem em saco roto”.
“Esperamos que as conclusões da Comissão Técnica Independente sejam terreno fértil para um consenso alargado em torno das medidas a tomar”, apontou.
O primeiro-ministro diria ainda que o Executivo tem “consciência de que o país exige resultados em contrarrelógio”: “Encontramos nesta exigência nacional a motivação acrescida para vencermos coletivamente esta batalha”.
“Não é um tempo de demissões”
Depois da comunicação ao país, já na fase de perguntas dos jornalistas, o primeiro-ministro voltou a ser questionado sobre as condições da ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, para se manter no cargo. António Costa afastou, uma vez mais, o cenário de imediata demissão.
“É tempo de passar das palavras ao atos. Não é um tempo de demissões, é um tempo de soluções”, reiterou Costa, voltando a lembrar que presidirá no próximo sábado a uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros para levar à prática os resultados da Comissão Técnica Independente que analisou a resposta aos incêndios de junho.
“Reuniremos no próximo sábado um Conselho de Ministros para concretizar em medidas aquilo que são as recomendações e as conclusões da Comissão Técnica Independente que, composta por elementos de alto valor científico, designada pela Assembleia da República, apresentou ao país e que não podem cair em saco roto”, reafirmou.
Adiante o governante sustentou que os incêndios de Pedrógão Grande e deste domingo “são dois eventos de natureza diferente”.
“Pedrógão será sempre um caso único, pela dimensão trágica das vidas humanas, pela dimensão trágica dos danos materiais que, numa única ocorrência, teve lugar”, argumentou.
“O dia de ontem foi um dia terrível, mas foi um dia onde o nosso sistema de Proteção Civil teve de responder a mais de 500 ocorrências, onde houve inúmeras perdas de vidas humanas, decidida pelo conjunto dessas várias ocorrências”, continuou o primeiro-ministro.
“Neste momento nós temos algo que honrar, que é o dever de responder com maturidade àquilo que começámos com maturidade a construir”, acrescentou.
“Mecanismo ágil” de compensações
O primeiro-ministro mostrou-se também aberto à “existência de um mecanismo ágil” destinado a compensar famílias vítimas de incêndios florestais.
Depois de questionado sobre o regime extrajudicial de compensação das vítimas de incêndios, António Costa não se alargou em detalhes, preferindo recordar que vai receber na próxima quarta-feira a Associação dos Familiares das Vítimas de Pedrógão Grande, da qual quererá colher propostas.
“Quero ouvi-los sobre as propostas que têm para apresentar sobre o nosso sistema de prevenção e combate aos incêndios florestais, sobre a reforma da floresta e também no que respeita à existência de um mecanismo ágil no sentido de que o Estado assuma as responsabilidades que deva assumir”, enumerou.
“Não me vou antecipar agora à conversa que terei no momento próprio com a comissão dos familiares das vítimas”, rematou o chefe do Executivo.