Denúncias de assédio. Boaventura de Sousa Santos e Bruno Sena Martins suspensos do CES a pedido dos próprios

por Joana Raposo Santos - RTP
O CES sublinha o seu repúdio "por qualquer forma de assédio ou abuso". Foto: António Silva - Lusa

Numa segunda nota enviada à comunicação social na noite desta sexta-feira, o CES esclarece que Boaventura de Sousa Santos e Bruno Sena Martins foram suspensos a pedido dos próprios dos cargos "de responsabilidade e/ou representação institucional" do Centro de Estudos Sociais. A informação chega após as denúncias de assédio sexual de que os dois foram alvo.

Anteriormente, numa nota enviada a meio da tarde, o CES referia que Sousa Santos e Sena Martins se encontravam "suspensos de todos os cargos que ocupavam" enquanto eram averiguadas as denúncias de assédio.

“O CES respeita o direito de resposta individual, mas demarca-se de todas as posições assumidas publicamente por Boaventura de Sousa Santos e Bruno Sena Martins, nomeadamente no que respeita à intenção de avançar judicialmente contra as autoras do capítulo do livro Sexual Misconduct in Academia – Informing an Ethics of Care in the University”, lê-se no comunicado inicial do CES.

A entidade refere-se ao texto escrito pelas alegadas vítimas Lieselotte Viaene, Catarina Laranjeiro e Miye Nadya, que desencadeou a recente polémica.

Nesse primeiro comunicado, o CES frisa que está a constituir uma comissão independente “para averiguação das ocorrências descritas no referido capítulo” e avança que, durante este processo e até ao apuramento de conclusões, Boaventura de Sousa Santos e Bruno Sena Martins “se encontram suspensos de todos os cargos que ocupavam”.

O Centro de Estudos Sociais refere ainda que os graffiti que surgiram em várias paredes do edifício, um dos quais com a mensagem "Fora Boaventura. Todas sabemos", suscitaram a necessidade de “constituir mecanismos mais explícitos de regulação e de denúncia”.
CES sublinha "repúdio por qualquer forma de assédio"
Segundo o CES, desde que em 2021 foi criada a provedoria, esta recebeu duas queixas e nenhuma delas foi por assédio moral ou sexual.

“O CES informa igualmente que os atuais membros dos órgãos de gestão declaram que não têm conhecimento de tentativas de averiguação ou ocultação de eventuais condutas inadequadas que tenham ocorrido no passado”, lê-se no comunicado.

A entidade sublinha ainda “o seu repúdio por qualquer forma de assédio ou abuso e solidariza-se com todas as vítimas de violência desta natureza”.

O Centro de Estudos Sociais demarca-se das alegadas ações de Boaventura de Sousa Santos e Bruno Sena Martins ao dizer também que “eventuais casos de conduta inadequada ou não ética não refletem a cultura de trabalho do CES como um todo”.

“O CES mantém o compromisso com a sua missão de defesa dos direitos humanos e com o dever de transparência, proteção e justiça para com todas as pessoas que fazem parte da sua comunidade”, acrescenta.

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