A propósito do lançamento do seu livro Fátima: "Das Visões dos Pastorinhos à Visão Cristã", D. Carlos Azevedo confessa à RTP: "Nunca fui a Fátima a pé. Fui educado a manter distância critica, mas acompanhei peregrinações como pároco e pessoalmente sinto-o como um lugar de serenidade e consolação, de incentivo à renovação espiritual e ao compromisso para transformar a história".
Ao olhar para a mensagem de Fátima não tem dúvidas em considerá-la revolucionária. "As visões são aviso para purificar e fortalecer o caminho evangélico profundamente revolucionário, oposto ao discurso mole, cinzento, justificativo e sobretudo erguem-se como incentivo para uma operacionalidade coerente".
Uma mensagem que mantém atualidade. "Repare cresce a incerteza sobre o futuro do ser humano; fervilha uma desconfiança motivada pelos desastres éticos sucessivos nos campos económicos e financeiros, políticos e desportivos; os populismos chegam ao cume dos atuais impérios; a ausência de forte liderança humanista em tantos países os deixa à mercê de jogos de interesses e de violentos grupos fundamentalistas; imprevisíveis movimentos migratórios abrem um multiculturalismo em tensão com identidades perdidas; o fator religioso, debilitado no ocidente cristão está vigoroso num Islão intolerante".
Neste contexto considera que a Igreja "obriga-se a atualizar as narrações originárias de Fátima" e a "reinterpretá-las para ser fiel ao mistério de Deus revelado em Cristo, a quem sim importa ser fiel na linguagem de cada tempo".
Até porque conclui: "As visões interpelam a liberdade para que os cenários previstos como ameaçadores não tenham lugar".