A procuradora-geral adjunta, Maria José Fernandes, garante à Antena 1 que não altera "uma vírgula" ao texto que escreveu para o jornal Público em que critica alguns métodos e colegas do Ministério Público.
"De tudo aquilo que escrevi não retiro uma vírgula, aconteça-me o que acontecer", vincou. Em causa está o artigo de opinião publicado a 19 de novembro no jornal Público.
Nesse texto, a procuradora-geral adjunta arrasava com os métodos de investigação do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).
À Antena 1, afirmou que tudo o que escreveu foi "pensado" e que foi uma crítica geral, mas admite que alguns magistrados "poderão sentir-se identificados com aquilo que eu escrevi".
"Não é preciso ser magistrado para perceber isso. Basta ser um cidadão com senso comum para ver alguns processos e alguns métodos de investigação que são noticiados pela comunicação social. Qualquer cidadão comum, no senso comum, lhe parece que são exagerados, desnecessários, desproporcionais, etc", afirmou.
Entretanto, em resposta à RTP, a Procuradoria-Geral da República confirmou a instauração de um processo especial de averiguação na sequência do artigo assinado pela procuradora-geral adjunta.
Entrevistada esta sexta-feira pela Antena 1, a procuradora-geral adjunta diz-se preparada para enfrentar esse procedimento disciplinar e anuncia que, se for necessário, irá dar exemplos práticos sobre o mau funcionamento do Ministério Público.
Maria José Fernandes acrescenta ainda que não colocou em causa a instituição. "Chamei à atenção para que certas vezes, certos colegas, haverá que não cumpriram tão corretamente quanto isso os direitos, liberdades e garantias", argumentou.
A magistrada diz-se pronta para dar exemplos no caso de ser chamada a prestar esclarecimentos. "Quando tiver um processo e tenha que me defender eu vou exemplificar", garantiu.