A décima e última reunião no Infarmed entre o Governo e especialistas sobre a Covid-19 em Portugal realizou-se esta quarta-feira. No final do encontro, Marcelo Rebelo de Sousa destacou a importância do "contacto aberto" entre epidemiologistas e decisores políticos e contou os detalhes da mais recente conversa, que se focou em particular na região de Lisboa e Vale do Tejo.
Enquanto, no início, a pergunta era “como está Portugal”, agora o foco está em saber como está cada região, sendo realizada uma análise mais concreta que pode chegar até às freguesias e bairros, explicou o chefe de Estado. Por essa razão, é necessária a aplicação de “medidas de pormenor”, mais específicas.
Esta última reunião no Infarmed serviu, segundo o Presidente, para fazer uma comparação do que se passa em Portugal em relação a outras sociedades, “em particular europeias”.
“De uma forma geral, pode dizer-se que nessas sociedades se assiste a um desconfinamento progressivo e, em muitos casos, superior ao desconfinamento verificado em Portugal”, admitiu Marcelo Rebelo de Sousa. O RT é, atualmente, de 0,98 na média nacional e de 0,8 em Lisboa e Vale do Tejo.
“Também se verificou que, jogando com indicadores diferentes, se terá resultados diferentes sobre a incidência da pandemia nos vários países. Se se entender apenas o número de infetados, há um ranking que se estabelece. Se se atender à deteção dos infetados e contagiados, em que Portugal se encontra numa posição cimeira, aí o ranking é diferente”.
O chefe de Estado explicou que, “em comum, há uma preocupação: avançar para medidas concretas, específicas. País a país, foi verificado que a orientação é hoje, olhando aos surtos, intervir de forma localizada e específica”.
Marcelo Rebelo de Sousa avançou que outro tema principal da última reunião no Infarmed foi a situação na região de Lisboa e Vale do Tejo, que “mereceu uma atenção particular”.
Um dos indicadores dessa atenção terá sido “o significado que tem a população entre os 20 e os 40 anos (…) e o peso que veio a ganhar ao longo das últimas semanas”, por ser a faixa etária entre a qual se tem verificado mais contágio por Covid-19. “Em simultâneo, ainda o significado que tem a população acima dos 75/80 anos”, acrescentou o Presidente.
Marcelo referiu ainda um estudo apresentado na reunião de hoje que demonstrou não haver, aparentemente, ligação entre o transporte ferroviário e o surto pandémico.
O grupo criado especialmente para o combate ao surto na região de Lisboa e Vale do Tejo apresentou, na reunião, dados sobre o aumento de recursos humanos, contanto com mais 40 por cento profissionais no terreno.
Quanto ao primeiro estudo sobre a eventual capacidade de imunização daqueles que estiveram em contacto com a pandemia, o Presidente sublinhou que este estará pronto no final de julho e que a este “se seguirão um estudo a cinco meses e sucessivos estudos de três em três meses”.