A imunologista Maria de Sousa morreu esta noite na unidade de cuidados intensivos do Hospital de São José, vítima de Covid-19 e depois de uma semana de internamento, segundo avançou o jornal Público. Tinha 81 anos.
A imunologista era Professora Catedrática Jubilada do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) e Professora Emérita da Universidade do Porto.
Em 2016, a cientista foi distinguida pelo Presidente da República com a Grã-Cruz da Ordem Militar de San’tiago de Espada, um dos mais altos graus desta insígnia destinada a distinguir o mérito literário, científico e artístico.
“Uma das primeiras mulheres portuguesas a serem reconhecidas internacionalmente pelas suas descobertas científicas”. É assim que o instituto apresenta a imunologista Maria de Sousa, nascida em Lisboa em 1939 e licenciada em Medicina em 1963.
Maria de Sousa deixou o país para prosseguir a sua carreira académica científica em Inglaterra e Escócia. Nos Estados Unidos, dirigiu o Laboratório de Ecologia Celular do prestigiado Memorial Sloan Kettering Cancer Center, em Nova Iorque.
Foi no Reino Unido que atingiu a distinção internacional, enquanto autora de vários artigos científicos fundamentais para a definição da estrutura funcional dos órgãos que constituem o sistema imunológico, entre os quais o que consagrou a descoberta da área timo-dependente, hoje conhecida universalmente por área T para os linfócitos T. Os linfócitos são células do sistema imunitário fundamentais no combate a doenças e infecções.
Estas descobertas foram publicadas na revista Journal of Experimental Medicine e na revista Nature, em janeiro e dezembro de 1966.
Mais tarde, em 1971, Maria de Sousa deu um nome ao fenómeno de migração dos linfócitos para a ‘área dependente do timo’, conhecida por Área T. Chamou-lhe “ecotaxis”.
Estas descobertas foram publicadas na revista Journal of Experimental Medicine e na revista Nature, em janeiro e dezembro de 1966.
Mais tarde, em 1971, Maria de Sousa deu um nome ao fenómeno de migração dos linfócitos para a ‘área dependente do timo’, conhecida por Área T. Chamou-lhe “ecotaxis”.
Em 1984, regressou a Portugal.
Foi o trabalho em doentes com hemocromatose hereditária que levou Maria de Sousa para o ICBAS em 1985, para fundar o Mestrado em Imunologia. Enquanto docente e investigadora da U.Porto, foi responsável pela constituição de uma equipa de investigação nova no campo da hemocromatose, repartida pelo ICBAS, pelo Hospital Geral de Santo António e pelo então novo Instituto de Biologia Celular e Molecular (IBMC).
Foi o trabalho em doentes com hemocromatose hereditária que levou Maria de Sousa para o ICBAS em 1985, para fundar o Mestrado em Imunologia. Enquanto docente e investigadora da U.Porto, foi responsável pela constituição de uma equipa de investigação nova no campo da hemocromatose, repartida pelo ICBAS, pelo Hospital Geral de Santo António e pelo então novo Instituto de Biologia Celular e Molecular (IBMC).
No ensino pós-graduado, encabeçou em 1996 a criação do Programa Graduado em Biologia Básica e Aplicada (GABBA), um programa pioneiro em Portugal.
Contribuiu ainda para a implantação da avaliação externa e independente dos centros de investigação portugueses, que até meados dos anos 90 não existia em Portugal. Foi convidada pelo então ministro da Ciência e da Tecnologia, José Mariano Gago, para coordenar esse processo.
Maria de Sousa já recebeu inúmeras distinções nacionais e internacionais, como o prémio “Estímulo à Excelência”, atribuído pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (2004), o Prémio Universidade de Coimbra (2011) e o Prémio Universidade de Lisboa, em 2017.