Uma carta aberta dirigida aos poderes políticos sobre a pobreza em Portugal foi lançada com o objetivo de ser definida com urgência uma estratégia para combater este problema que se agravou com a pandemia de Covid-19.
“Temos de garantir uma política social solidária com uma ação multidisciplinar e integrada junto das famílias pobres, combatendo os problemas estruturais que estão na origem da pobreza, não se limitando essa ação à mera distribuição de recursos, muitas vezes parcos e mesmo assim sujeitos a um racionamento frequentemente questionável. Mas este combate não pode ser apenas travado pelos órgãos do Estado. É um combate nosso, de todo o Portugal”, sustenta a carta aberta.
Os promotores da iniciativa consideram que é “urgente” fazer um caminho e propõem “dez áreas fundamentais” para "um maior bem-estar da população que vive enredada na miséria em que nasceu ou para que foi atirada e em apoios inconsequentes e insuficientes”.
Entre as áreas propostas estão “o crescimento socioeconómico vocacionado para o desenvolvimento e bem-estar de todos os cidadãos”, acesso ao ensino, apoios à infância e garantir que o sistema de saúde protege os mais pobres.
Na carta aberta é também “particularmente aconselhável” que seja repensado o modelo de atribuição do rendimento social de inserção e que seja promovida “eficazmente medidas que conduzam a um melhor equilíbrio geracional”, tendo em conta que população portuguesa está envelhecida.
Os promotores da iniciativa consideram que deve ser promovido o interior do país, uma vez que a pobreza concentra-se sobretudo nas grandes cidades, e aconselham ao apoio das empresas que garantam o primeiro emprego aos jovens.
Direito a uma habitação digna e uma justiça acessível a todos são outras áreas abordadas na carta.
“A pobreza tem há muito em Portugal uma dimensão que a todos deve preocupar e que justifica que os cidadãos unam a sua voz num protesto forte, premente e continuado, exigindo das autoridades do país que inscrevam o combate à pobreza como primeira prioridade”, lê-se na missiva, frisando que a pandemia acentuou a vulnerabilidade dos grupos mais desfavorecidos e é atualmente “o principal problema do país”.