Vão ser conhecidos esta segunda-feira os resultados das análises aos 20 portugueses que chegaram domingo de Wuhan. O grupo optou por ficar de quarentena durante os próximos 14 dias. Treze estão no Hospital Pulido Valente e sete no Parque da Saúde de Lisboa, conhecido por Júlio de Matos. Duas vezes por dia vão ser vistos por dois médicos de saúde pública.
“À partida, essas pessoas não estão doentes”, realçou a governante.
A Direção-Geral da Saúde vai realizar um boletim clínico diário do grupo e o Ministério da Saúde vai fazer uma conferência de imprensa diária, para dar conta da evolução da situação. A viagem durou quase 20 horas. Saíram de Wuhan na China, a bordo de um A380 da Hifly, até uma base militar perto de Marselha, França, onde foram realizadas avaliações médicas. Após várias horas, embarcaram num avião C130 da Força Aérea Portuguesa que os transportou até ao aeroporto de Figo Maduro, em Lisboa, onde aterrou às 20h30 de domingo.
Segundo Marta Temido, “nesta fase não se prevê que haja visitas, mesmo controladas”.
"Por razões de segurança, para os próprios e para toda a comunidade, durante os próximos 14 dias todo o grupo ficará em isolamento profilático. Esta opção fundamenta-se na fase epidémica em que nos encontramos, a nível internacional, fase de contenção. Está em linha com o realizado por outros países e contou com a adesão dos nossos concidadãos”, esclareceu a ministra da Saúde.
“Os profissionais de saúde e das empresas de fornecimento de serviços, que operam nestes espaços, têm treino específico. Os materiais a utilizar serão, no essencial, descartáveis”, acrescentou. Os testes laboratoriais, que servem para despistar o coronavírus, são realizados pelo Instituto Ricardo Jorge.
As 20 pessoas que chegaram ontem da China partilharam até Marselha um avião com outros europeus, alguns deles com sintomas suspeitos de contágio do novo coronavírus, mas não estiveram em contacto.
“Foi seguido um protocolo de voo que permitiu a viagem em condições de não contacto entre os passageiros”, frisou Marta Temido.
À chegada a Marselha, 20 pessoas repatriadas por França apresentavam sintomas de possível contágio e foram sujeitas de imediato a exames médicos que deram negativos.
Aeroportos sem rastreio
A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, indicou que nos aeroportos portugueses se está a fazer o recomendado pelas autoridades de saúde internacionais, aconselhando os passageiros a estarem atentos a sintomas, e que "não há indicação para fazer rastreio à entrada".
“Até à data, não há nenhuma indicação para se fazer rastreio à entrada, quando houver obviamente estamos cá para adaptarmos as nossas medidas”, afirmou Graça Freitas.
Segundo a diretora-geral da Saúde, “o primeiro contacto de um passageiro com sintomas e que tenha uma ligação epidemiológica a um foco da doença deverá ser sempre feito através de uma linha telefónica. Há distância, para ser aconselhado, triado e acompanhado. Esse é o protocolo que está em vigor”.
Sobre um avião com passageiros chineses que aterrou no sábado em Ponta Delgada, depois de lhe ter sido recusada a aterragem em outros países, a diretora-geral da Saúde referiu que nenhum dos passageiros vinha de Wuhan. O voo privado fez escala nas Bermudas (Haiti) e em Reiquiavique (Islândia), mas os 11 passageiros e os três tripulantes foram obrigados a pernoitar a bordo em ambas as escalas.
A responsável indicou que foram as autoridades alfandegárias açorianas a contactar as autoridades de saúde, que fizeram um inquérito epidemiológico e recolheram a história clínica dos passageiros.
"Esse voo veio de outro país e trazia cidadãos chineses a bordo. Houve uma preocupação da alfândega em sinalizar este voo às autoridades de saúde. Foi feito o inquérito epidemiológico, a história clínica”, esclareceu.
Segundo Graça Freitas, “estes passageiros, apesar de serem cidadãos chineses não vinham da zona do epicentro da doença”.
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