Coronavírus. Especialistas questionam capacidade de resposta em Portugal

por RTP
Lisi Niesner - Reuters

Num artigo científico publicado esta quinta-feira, especialistas portugueses advertem que Portugal não aprendeu com a gripe aviária e a infeção respiratória aguda grave e, por isso, poderá não estar preparado caso surjam casos do novo coronavírus no país.

Os planos de contingência já foram "ativados e as novas diretrizes para os serviços de saúde e aeroportos publicados". No entanto, a publicação na Acta Médica, Revista Científica da Ordem dos Médicos, sugere que Portugal pode não estar preparado para enfrentar o coronavírus, oriundo da cidade chinesa de Wuhan.

"É possível que ainda não estejamos preparados para responder a um caso suspeito de coronavírus (2019-nCov). A falta de preparação que testemunhámos no primeiro caso suspeito (que felizmente não foi confirmado) deve ser usada para ajudar os serviços de saúde a corrigir os seus erros e estar mais bem preparados".

Segundo os autores do artigo "The 2019 Novel Coronavirus (2019-nCoV): Novel Virus, Old Challenges" (em português "O Novo Coronavírus de 2019: Novo vírus, velhos desafios"), Portugal devia ter aprendido a lição "há muito tempo, depois das emergências da H5N1 gripe aviária, SARS [síndrome respiratória aguda grave], a pandemia H1N1 e a Mers-Cov [síndrome respiratória do Médio Oriente]".

Os especialistas afirmam que embora os números, até agora, pareçam baixos, "podem ser suficientes para gerar uma pandemia numa população totalmente suscetível". Por isso, alertam, "deveríamos garantir que o país está preparado para conter a doença rapidamente após o surgimento de um caso suspeito ou num contágio de uma pessoa saudável".

Para os peritos esta epidemia pode ser vista também como "um teste para a nossa capacidade de enfrentar uma ameaça que se repetirá ao longo dos tempos", salientando que de cada vez que surge uma nova, "devemos aprender com os erros para estar cada vez mais bem preparados".

Até agora, em Portugal ainda não há casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus, sendo que os quatro casos suspeitos não se revelaram positivos.

E, relativamente aos portugueses repatriados de Wuhan na semana passada, continuam em isolamento e sob observação, mas sem qualquer sintoma de doença.

Embora a publicação da revista científica da Ordem dos Médicos considere que o país não aprendeu a lição com as epidemias anteriores, a diretora-geral de saúde afirmou, na quarta-feira, que as autoridades de saúde portuguesas estão preparadas para dar resposta numa eventual escalada do coronavírus.
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