Controlo de legionella no Hospital de Santa Maria alvo de fiscalização

por Carlos Santos Neves - RTP
João Marques - RTP

O Hospital de Santa Maria, em Lisboa, é objeto, a partir desta segunda-feira, de uma ação de fiscalização, por parte da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde, que incide sobre o controlo da legionella. A unidade veio descartar, no fim de semana, o cenário de um surto desta bactéria nas suas instalações.

A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) quer perceber os contornos dos casos de duas pessoas que foram diagnosticadas com legionella depois de terem passado pelo serviço de dermatologia do Hospital de Santa Maria - uma destas pessoas, com outros problemas de saúde, acabou por morrer.

Foi na passada sexta-feira que a IGAS fez saber, em comunicado, que instaurou um processo de fiscalização ao controlo da legionella em Santa Maria. O despacho do diretor-geral fora emitido na véspera.A decisão foi tomada depois de o jornal online Observador ter noticiado a deteção dos dois casos em pessoas que estiveram na dermatologia do hospital.


Na mesma nota, a IGAS indicou que “entre 2021 e a presente data foram instaurados 13 processos de fiscalização” no quadro das ações relativas à prevenção e ao controlo da legionela.

“Foram já executados 11 processos. Encontram-se concluídos seis processos. Foram emitidas 33 recomendações e implementadas, até ao momento 26 recomendações. No entanto, encontram-se ainda em fase de acompanhamento quatro processos, nos quais serão implementadas as restantes recomendações”.

Em acompanhamento, assinalou ainda a Inspeção-Geral, estão as recomendações para a Maternidade Doutor Daniel de Matos, do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (em 2023), no Hospital Dona Estefânia, em Lisboa (em 2023), no Hospital de São José, em Lisboa (em 2022), e no Hospital de Santa Maria, em Lisboa (em 2022), alvo, agora, de um novo processo.
“Preservar a confiança”
No sábado, o Hospital de Santa Maria trataria de sublinhar não possuir conhecimento formal do processo de fiscalização da IGAS, avaliando como incorreta a ideia de um surto de legionella. A instituição frisaria ainda o facto de ter sabido da abertura do processo “por notícias decorrentes de um seu comunicado”.

O hospital enfatizou, em comunicado, “com a preocupação natural e legítima de preservar a confiança dos 350 mil cidadãos” da área de influência direta, que “não há casos de legionella no Hospital de Santa Maria e que as duas análises ao Serviço de Dermatologia deram resultado negativo, conforme documentos recebidos da SP (Saúde Pública)”.

Vincou também que “tem um plano de reação rápida, que tem funcionado exemplarmente, e uma comissão técnica que monitoriza este risco, pelo que não é correto e justo” dar a entender que existe “um surto de legionella”.

“Em 2023 foram diagnosticados na ULSSM dois casos de legionella, com origem na comunidade; em 2024, foram diagnosticados quatro casos de legionella com origem na comunidade e dois com link nosocomial", referiu a unidade.No último ano, foram efetuadas, “de forma proativa e preventiva, 360 análises de rotina à legionella no Hospital de Santa Maria, unidade com 60 quilómetros de canalizações, perto de três mil torneiras e 240 duches, na qual são de forma recorrente levadas a cabo as melhorias estruturais consideradas adequadas”.

A Unidade Local de Saúde de Santa Maria “tem um rigoroso plano de prevenção e controlo da legionella e uma comissão específica dedicada à monitorização nesta área”.

“São realizadas periodicamente análises à água utilizada em diversos pontos, por exemplo e desde logo, no Hospital de Santa Maria, de acordo com uma classificação de risco”.

Quanto à a análise positiva noticiada há semanas, o Hospital Santa Maria assinalou ter “sido desencadeada uma intervenção adicional da Saúde Pública, que constatou a negatividade da água” no serviço de dermatologia, “fruto das imediatas medidas de controlo e segurança efetuadas”.

c/ Lusa
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