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Construção civil sai cara ao ambiente

por Agência LUSA

A construção civil consome cerca metade dos recursos naturais disponíveis e produz 40 por cento dos resíduos sólidos, questão em debate nas XVI Jornadas de Ambiente da Quercus, hoje em Fátima.

Segundo os professores universitários Reaes Pinto, arquitecto, e Marques Inácio, engenheiro, a actividade da construção tem ainda um consumo energético que atinge "valores elevados, que estão na base das principais emissões de gases que afectam negativamente o ambiente".

Face a esta situação, "é indispensável e urgente a redução dos impactes ambientais negativos" resultantes da actividade da construção, que deverá assumir critérios de sustentabilidade "baseados na gestão criteriosa e prudente dos recursos naturais, na preservação da degradação ambiental, avaliando os seus impactes, para a obtenção de um ambiente saudável", consideram aqueles dois docentes.

Subordinadas ao tema genérico "Construção Sustentável", as jornadas estão a colocar a tónica na necessidade de mudança de atitudes na actividade da construção, procurando a salvaguarda do meio ambiente, bem como a qualidade e o conforto que se procura numa habitação ou num local de trabalho.

Para a arquitecta Fernanda Seixas, "a liberdade social, o acentuado crescimento da população, a procura das cidades, conduzem a grandes concentrações urbanas", o que provoca o aumento dos consumos energéticos, com a necessidade de recorrer a "fontes poluidoras (centrais térmicas),a fontes que induzem grandes equilíbrios ambientais (centrais hidroeléctricas) ou outras cujo controle ainda não é seguro (centrais nucleares)".

O futuro parece problemático, mas o arquitecto Fausto Simões vê uma "janela de oportunidade" para começar a inverter a situação tendo em conta o "crescimento difuso e algo caótico das cidades", nas quais "se concentra já metade da nossa população".

O panorama "carece de ser revisto quanto à sua dependência estrutural do automóvel", nomeadamente, pelo que é possível que se registe a prazo "uma desurbanização, complementada por novas urbanizações, que constituirão oportunidades exemplares para a criação de novas cidades sustentáveis", admite aquele técnico.

Para Hélder Spínola, presidente da associação ambientalista Quercus, o futuro "passará por um sector da construção cada vez mais consciente e mais cuidadoso ao nível ambiental", enquanto Hipólito Ponce Leão, presidente do Instituto dos Mercados de Obras Públicas e Particulares (IMOPPI), exorta a que se combata "o consumidor clandestino, que quer o máximo pelo mínimo", com as inevitáveis consequências ao nível da qualidade do projecto de obras.

"Quando o projecto é mau, não se pode querer uma obra boa", avisou.

Participante nas Jornadas, o presidente da Câmara Municipal de Ourém, David Catarino, sublinhou a importância dos projectos serem elaborados por técnicos especializados, abandonando a prática de há anos atrás, "em que os projectistas começaram por ser desenhadores que compravam as assinaturas dos técnicos".

Segundo David Catarino, esta situação já levou a autarquia a que preside a remeter para o Ministério Público alguns processos, "por desconformidades em relação aos diversos planos", o que, na óptica do autarca indiciaria que "os técnicos que assinavam nem tinham olhado para os projectos".

"Os projectos devem ser, cada vez mais, elaborados por gabinetes pluridisciplinares, para que todas as áreas sejam devidamente contempladas", defendeu.

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