Como usar corretamente a máscara e desinfetar a roupa e a casa? DGS esclarece em manual

por RTP
Fabrizio Bensch - Reuters

A Direção-Geral da Saúde (DGS) publicou esta quinta-feira o primeiro volume do manual com medidas gerais de prevenção e controlo da Covid-19. Desde o uso correto de máscara, à higienização pessoal e desinfeção doméstica, a Direção-Geral da Saúde (DGS) estabeleceu um conjunto de recomendações que esclarecem muitas dúvidas.

Numa altura em que o país assiste ao levantamento de algumas das restrições, a DGS salienta que este é um período que exige ainda mais responsabilidade individual e coletiva. “O SARS-CoV-2 circula na comunidade, e esta nova fase exige de cada cidadão um rigor acrescido no cumprimento das medidas preventivas e de Saúde Pública”, sublinha a DGS.

Desta forma, foi publicado um manual com um conjunto de recomendações para os cidadãos no seu dia-a-dia. Este primeiro volume concentra-se nas orientações relativas aos equipamentos de proteção e à higienização pessoal e ambiental.

O vírus SARS-CoV-2, responsável pela doença Covid-19, transmite-se entre humanos por duas vias de transmissão possíveis: contacto direto e indireto. O contacto direto pressupõe que as gotículas respiratórias – produzidas quando uma pessoa infetada tosse, espirra ou fala – sejam inaladas ou absorvidas pelas mucosas da boca, nariz ou olhos de pessoas próximas. Já a infeção por contacto indireto acontece através do contacto das mãos com uma superfície ou objeto contaminado e, em seguida, com a boca, nariz ou olhos. “O vírus pode sobreviver em superfícies durante horas ou até dias, se estas superfícies não forem limpas e desinfetadas regularmente”, sublinha a DGS.

Tendo em conta estas características do novo coronavírus, é essencial que sejam adotados certos cuidados para evitar a sua propagação. A DGS destaca, assim, o cumprimento do distanciamento social, a utilização de equipamentos de proteção, higienização pessoal e ambiental e a automonitorização de sintomas.
Medidas de distanciamento
Em primeiro lugar no manual da DGS estão as medidas de distanciamento, “das mais efetivas na redução da transmissão da Covid-19”.

O que devem fazer as pessoas?

- Manter uma distância de pelo menos 1,5-2 metros das outras pessoas;

- Evitar o contacto com pessoas que apresentem sintomas sugestivos de COVID-19, como febre, tosse ou dificuldade respiratória;

- Sempre que possível, trabalhar a partir de casa (teletrabalho);

- Utilizar, de preferência, serviços telefónicos ou eletrónicos, para entrar em contacto com outros serviços, como supermercados ou farmácia;

- Em caso de necessidade de cuidados médicos, utilizar serviços telefónicos ou eletrónicos para contactar previamente os serviços de saúde.

O que não devem fazer?

- Partilhar artigos pessoais;

- Frequentar lugares movimentados com aglomerados de pessoas;

- Ter contactos desnecessários (como por exemplo, convívios dentro ou fora de casa);

- Promover ou participar em eventos que reúnam muitas pessoas, sobretudo em espaços fechados.
Quais os equipamentos de proteção a usar?
Para se defender da infeção por Covid-19, cada cidadão deve utilizar um equipamento de proteção individual (EPI) que servirá de barreira protetora. Estes equipamentos podem ser máscaras, respiradores, óculos, luvas, batas, entre outros. A sua utilização depende da atividade desempenhada e do risco de exposição.

Máscara

O uso de máscara foi decretado obrigatório nos espaços e estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, serviços e edifícios de atendimento ao público, estabelecimentos de ensino e creches e nos transportes públicos. Esta obrigatoriedade é dispensada quando, em função da natureza das atividades, o seu uso seja impraticável.

No entanto, o guia da DGS relembra que a sua utilização não garante, por si só, proteção, devendo ser combinada com outras medidas e alerta para a sua correta colocação, de forma a evitar a tendência de tocar na cara.

Existem três tipos de máscara: o respirador, a máscara cirúrgica e a máscara não-cirúrgica, comunitária ou de uso social.

Respirador


A principal função do respirador é proteger da inalação de partículas suspensas no ar, isto é, protege da contaminação do exterior para o interior do respirador. O uso deste tipo de máscara é recomendado aos profissionais de saúde e a outros profissionais a quem, de acordo com o risco ocupacional, esteja recomendado.

Máscara cirúrgica


As mais comuns são as máscaras cirúrgicas que permitem a contenção de gotículas expelidas durante a tosse, espirro ou fala. Este tipo de máscara também protege da inalação de gotículas, apesar de ter menos capacidade de filtração do que os respiradores, por exemplo. Estas máscaras deverão ser utilizadas por um período máximo de quatro a seis horas, devendo ser trocadas por uma nova sempre que se encontrem húmidas.

De acordo com o manual da DGS, as máscaras cirúrgicas devem ser utilizadas por profissionais de saúde, doentes infetados com Covid-19, pessoas com sintomas de infeção, cuidadores de infetados, pessoas no interior de instituições de saúde, pessoas com estados de imunossupressão, população com doenças crónicas, idosos (mais de 65 anos), profissionais com elevado risco de exposição e por todos aqueles que permaneçam em espaços interiores fechados com múltiplas pessoas.

Máscara não-cirúrgica, comunitária ou de uso social


As máscaras não-cirúrgicas, comunitárias ou de uso social são feitas de diferentes materiais têxteis, certificados, que se destinam à população em geral. O manual da DGS explica que este tipo de equipamento é utilizado como barreira para complementar as medidas de proteção e as regras de distanciamento, mas não as substitui. Para além disso, caso sejam utilizadas por profissionais que tenham contacto frequente com o público, estas máscaras devem garantir um nível mínimo de filtração de 90 por cento e de 70 por cento no caso de se destinarem à população em geral.
Como utilizar uma máscara?
O manual da DGS expõe ainda uma lista de todos os passos e cuidados a ter sempre que seja utilizada uma máscara:

1. Higienizar as mãos com água e sabão ou com uma solução à base de álcool antes de colocar a máscara;

2. Verificar qual o lado a colocar voltado para a cara (nas máscaras cirúrgicas deve ser colocado o lado branco (face interna) virado para a casa, e o lado com outra cor (face externa) virado para fora);

3. Prender à cabeça com os atilhos, dando um laço em cada um, ou com os elásticos, sem os cruzar;

4. Ajustar a banda flexível na cana do nariz, garantindo que a boca, nariz e queixo estão cobertos;

5. Certificar que a máscara está bem ajustada à face;

6. Evitar tocar na máscara enquanto estiver colocada. Se tocar, higienizar as mãos de seguida;

7. Evitar retirar a máscara para falar, tossir ou espirrar;

8. Substituir a máscara por uma nova, se esta estiver húmida, higienizando as mãos entre as duas tarefas. Idealmente a máscara não deve ser usada durante mais de quatro horas seguidas;

9. Retirar a máscara, segurando nos atilhos ou elásticos, a partir da parte de trás (sem tocar na frente da máscara);

10. Descartá-la de imediato num caixote do lixo;

11. Higienizar as mãos após retirar a máscara.

Luvas

As luvas são outro dos equipamentos de proteção individual que podem ser utilizados, apesar de o uso de luvas na comunidade não estar recomendado. Tal como sublinha a DGS, a sua utilização incorreta pode aumentar o risco de transmissão da Covid-19. Ao tocar com as luvas em superfícies e objetos, por exemplo, pode promover a disseminação do vírus e, ao serem utilizadas por longos períodos, as pessoas podem esquecer-se e tocar com as luvas na cara.

A utilização de luvas pode ser recomendada, por exemplo, na manipulação de alimentos, lavagem de roupa ou desinfeção de superfícies contaminadas.

Como utilizar luvas?

Tal como para as máscaras, a DGS indicou a forma como as luvas devem ser colocadas e removidas:

1. Higienizar as mãos;

2. Retirar a primeira luva da caixa original pela região do pulso, evitando tocar noutras partes;

3. Colocar a primeira luva ajustada à mão, puxando pela região do pulso;

4. Retirar a segunda luva, segurando-a pela região do pulso;

5. Colocar a segunda luva agarrando-a pela parte externa da região do pulso, de forma a evitar tocar no braço;

6. Depois de colocadas, evitar tocar em superfícies desnecessariamente. Devem ser descartadas após o desempenho de cada tarefa.
Medidas de higiene pessoal
Higiene das mãos

Uma das medidas mais importantes é a higienização das mãos, uma vez que estas podem ser um fácil veículo para a transmissão da infeção ao contactarem com superfícies ou objetos contaminados e, de seguida, com as mucosas dos olhos, boca e nariz que permitem a entrada do vírus no organismo.

Desta forma, as mãos devem ser lavadas frequentemente ao longo do dia durante pelo menos 20 segundos, esfregando sequencialmente as palmas, dorso, cada um dos dedos e o pulso e secando-as bem no final. A lavagem deve ser feita preferencialmente com água e sabão e sem qualquer acessório, como anéis, pulseiras ou relógios. Caso não tenha acesso a água e sabão, as mãos devem ser desinfetadas com solução à base de álcool com 70 por cento de concentração (não deve usar, para tal, álcool a 96%).

Etiqueta respiratória

Cada vez que uma pessoa tussa ou espirre, deve cobrir a boca e o nariz com um lenço de papel ou com o braço, evitando a projeção de gotículas. Não deve ser utilizada a mão.

Após a utilização do lenço descartável, este deve ser imediatamente depositado no lixo. De seguida, deve-se lavar as mãos ou o braço, caso este tenha sido utilizado. Nestes casos, a DGS aconselha a lavagem da camisola, sempre que possível.
Medidas de higiene ambiental
Para além da higienização pessoal, o manual da DGS alerta ainda para um reforço dos cuidados com a higiene ambiental. Devem ser limpos e desinfetados os locais ou materiais que possam estar contaminados com o vírus, evitando, assim, o risco de propagação.

Desinfeção doméstica

Para a desinfeção doméstica, a DGS aconselha a utilização de lixívia, eficaz a eliminar o SARS-CoV-2. No entanto, sublinha que a sua utilização deve ser cuidadosa, uma vez que em concentrações elevadas pode ser nociva para o utilizador, para além de poluir o meio ambiente.

Desta forma, o manual aconselha a que a lixívia seja diluída em água fria, uma vez que a água quente a torna ineficaz e aumenta a sua volatilidade, ou seja, facilita que passe da sua forma líquida a gasosa, promovendo a libertação de gases tóxicos.

Ao aplicar lixívia, ou outro produto semelhante, a DGS relembra que deve ser tido em conta o recomendado na ficha de dados de segurança do produto, nomeadamente abrir as janelas para arejar e renovar o ar, evitando inalar a lixívia e o contacto com os olhos e a pele, ajudando também a secar mais rapidamente as superfícies.

De acordo com o manual, a desinfeção com lixívia é especialmente importante em locais onde estiver presente uma pessoa infetada com Covid-19. No caso de desinfeção no domicílio onde exista um infetado, a DGS explica que deve ser diluída uma parte da lixívia (com uma concentração original de 5 por cento) em 99 partes iguais de água, ou seja, quatro colheres de chá de lixívia em um litro de água.

Todas as zonas de contacto frequente, como maçanetas e portas, corrimãos, interruptores de luz, comandos ou teclados devem ser limpas e descontaminadas. As áreas de confeção de alimentos e instalações sanitárias também devem ser desinfetadas com regularidade.

A limpeza, tal como esclarece o manual, deve ser realizada sempre no sentido de cima para baixo e das áreas mais limpas para as mais sujas. Deve-se começar por lavar com detergente de uso doméstico e de seguida aplicar lixívia diluída em água, deixando atuar dez minutos. No caso de uma habitação em que nenhum dos coabitantes está infetado, não é estritamente necessário utilizar lixívia.

“Quanto maior a frequência de manipulação, maior deve ser a frequência de descontaminação”, salienta a DGS.

E em relação à roupa?

Relativamente à roupa, a DGS refere que ainda não existe certeza sobre o tempo em que o novo coronavírus sobrevive nos diferentes materiais de roupa. Contudo, devem ser adotados certos cuidados para prevenir a possível transmissão através destes meios. O guia da DGS refere que apenas é necessário descontaminar a roupa dos doentes infetados com Covid-19, cuidadores de infetados, profissionais de saúde e outras pessoas que possam ter estado em contacto com pessoas ou superfícies contaminadas.


Nestes casos, quando a roupa é colocada a lavar, deve-se evitar sacudir a roupa suja, ler com atenção as indicações na etiqueta e lavar preferencialmente na máquina, com a maior temperatura possível (pelo menos a 60ºC durante 30 minutos, ou entre 80-90ºC, durante dez minutos para descontaminar através da temperatura). Caso não seja possível lavar a altas temperaturas, deve ser usado um produto desinfetante próprio para roupas (como por exemplo, lixívia).

No caso de ser utilizada uma lavandaria pública, a DGS indica uma série de regras a cumprir: organizar as roupas antes de ir à lavandaria, de forma a só precisar de as colocar na máquina quando estiver no local; dobrar as roupas limpas em casa; usar lenços ou um desinfetante das mãos para limpar os puxadores das máquinas e os botões antes de os utilizar e manter uma distância de 1,5-2 metros, ou esperar no exterior ou noutro local, se estiverem outras pessoas na lavandaria.

“Caso tenha sintomas sugestivos de COVID-19, como febre, tosse ou dificuldade respiratória, não deve recorrer a locais públicos”, ressalva a DGS.

Sistemas de ventilação

O guia refere ainda que em espaços fechados, o ar deve ser renovado, pelo menos, seis vezes por hora, através da abertura de portas ou janelas para manter o ambiente limpo, seco e bem ventilado.

Caso não seja possível, deve ser assegurado o funcionamento eficaz do sistema de ventilação, assim como a sua limpeza e manutenção. Nestes casos, deve ser assegurado que o ar é retirado diretamente do exterior e não ativar a função de recirculação do ar. É ainda recomendada a desativação da função de desumidificação do sistema de ventilação e ar condicionado, bem como o reforço da desinfeção do reservatório de água condensada e da água de arrefecimento das turbinas do ventilador.

Tratamentos de resíduos


Por fim, o manual refere os cuidados específicos a ter com os resíduos produzidos, sobretudo por parte de pessoas infetadas com Covid-19 ou com sintomas sugestivos de infeção.

Nestes casos, a DGS recomenda a utilização de um caixote do lixo com uma tampa, preferencialmente de abertura não manual. Caso não seja possível, devem ser lavadas as mãos antes e após a sua utilização.

Dentro do caixote do lixo deve estar um saco de plástico que deve ser cheio até, no máximo, 2/3 da sua capacidade. Assim que atingida esta capacidade, o saco deve ser bem fechado com dois nós bem apertados e, preferencialmente, com um atilho ou adesivo. Este saco deve ser ainda colocado dentro de um segundo saco de plástico, igualmente bem fechado. Os resíduos nunca devem ser calcados, nem o saco deve ser apertado para evitar que o ar saia. Estes resíduos devem ser descartados em contentores coletivos de resíduos, após 24 horas da sua produção (nunca no ecoponto). Os caixotes do lixo devem ser limpos e desinfetados regularmente.
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