Comissão de inquérito. Mãe das gémeas luso-brasileiras nega ter tido qualquer contacto político
A mãe das gémeas luso-brasileiras está a ser ouvida, esta sexta-feira à tarde, em comissão de inquérito na Assembleia da República. Daniela Martins garantiu não saber como Nuno Rebelo de Sousa soube do caso das gémeas e diz que nunca falou diretamente com o filho do presidente da República sobre o caso, nem com Marcelo Rebelo de Sousa ou António Lacerda.
Daniela Martins afirmou, na comissão parlamentar, desconhecer o filho do Presidente português, alegando que os tratamentos das filhas se intensificaram na sequência de um pedido de ajuda após uma campanha de angariação de fundos no Brasil. A mãe das crianças disse ainda que nessa campanha, que teve alcance em Portugal, foram escritos “’mails’ padrão” e depois “disparados para todos os lados”."Nunca conheci nem me dirigi pessoalmente ao senhor Presidente da
República ou ao seu filho, Dr. Nuno Rebelo de Sousa", afirmou Daniela
Martins.
“Acredito que indiretamente tenha sido contactado, porque teve acesso ao meu ‘mail’ padrão. Não sei quem é o amigo em comum. Se são vários ou se é um. Eu tinha uma situação a prazo. Não me surpreende que uma pessoa que soubesse da situação não passasse a mensagem”, salientou.
A mãe das gémeas luso-brasileiras garantiu não se ter dirigido “a nenhum órgão do governo” mas apenas “aos hospitais e médicos para perceber o caminho” que teria de ser feito para aceder ao medicamento Zolgensma.
Daniela Martins disse que tinha a expetativa de que fosse aplicado o principio da equidade, “uma vez que outras crianças portuguesas já tinham recebido o medicamento”. A mãe das crianças respondia ao deputado do PSD António Rodrigues que perguntou se Daniela Martins se tinha dirigido ao Governo, nomeadamente ao Ministério da Saúde.
Daniela Martins disse que tinha a expetativa de que fosse aplicado o principio da equidade, “uma vez que outras crianças portuguesas já tinham recebido o medicamento”. A mãe das crianças respondia ao deputado do PSD António Rodrigues que perguntou se Daniela Martins se tinha dirigido ao Governo, nomeadamente ao Ministério da Saúde.
Na mesma ronda de questões, a mãe das meninas luso-brasileiras disse não se lembrar de ter enviado um e-mail à mulher do filho do presidente da República para agradecer ao ex-secretário de Estado António Lacerda Sales o acompanhamento que deu às crianças.
“Eu não tenho conhecimento desse ‘mail’. Não tenho conhecimento desse ‘mail’ a Juliana Vilela Drummond. Os pedidos eram direcionados a várias pessoas e não havia forma de saber. Os meus pedidos [de ajuda] foram feitos por grupos no WhatsApp de pessoas que me ajudavam a disparar. Não posso garantir que fui eu a escrever. Tinha diversas pessoas que tinham acesso à minha conta”, disse, em resposta às questões de André Ventura.
Daniela Martins voltou a repetir, então, que não conhece o filho do chefe de Estado português, dizendo que só se encontrou a mulher deste, Juliana Vilela Drummond, no final de 2022, quando já se encontrava no Brasil, num evento público em São Paulo.
Considerando “não ser um absurdo” haver várias pessoas com acesso à sua conta, Daniela Martins disse que “havia tentado todos caminhos para encontrar o acesso à medicação”, reforçando que já planeava ir para Portugal antes de as filhas precisarem do tratamento com o medicamento Zolgensma no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
A mãe das crianças foi ainda confrontada com o visionamento do 'mail' enviado a Juliana Vilela Drummond através da sua conta, mas reforçou não se recordar do envio.
Também questionada pela IL sobre quem tem acesso ao seu email e ao seu telemóvel pessoal, Daniela Martins afirmou que era quem estava a acompanhá-la quando as crianças estavam nos cuidados intensivos.
“As minhas cunhadas, irmãos, familiares de modo geral que tinham acesso ao meu telemóvel e às informações para dar seguimento às alternativas de tratamento para as meninas”, acrescentou.
Sobre uma mensagem que terá enviado por Whatsapp para Nuno Rebelo de Sousa, a mãe das gémeas disse que não acha possível que alguém tenha enviado do seu telemóvel “porque não tinha o contacto” do filho do Presidente da República.
Daniela Martins não acha “nada impossível que a informação [sobre a situação das suas filhas] tenha chegado a ele”, e que quando lançou o pedido de ajuda financeira, esse “grito de socorro pode ter chegado através de alguém”, até porque viviam “na mesma cidade”.
“Eu não tenho meios de perceber quem foram os elos até chegar ao Dr. Nuno Rebelo de Sousa, também gostava de saber”, afirmou, indicando que esta situação “chegou a ele e a muita gente”.
A mãe referiu que “não tinha ouvido falar” de Nuno Rebelo de Sousa, mesmo “quando ainda morava em São Paulo”.
“Eu não tenho conhecimento desse ‘mail’. Não tenho conhecimento desse ‘mail’ a Juliana Vilela Drummond. Os pedidos eram direcionados a várias pessoas e não havia forma de saber. Os meus pedidos [de ajuda] foram feitos por grupos no WhatsApp de pessoas que me ajudavam a disparar. Não posso garantir que fui eu a escrever. Tinha diversas pessoas que tinham acesso à minha conta”, disse, em resposta às questões de André Ventura.
Daniela Martins voltou a repetir, então, que não conhece o filho do chefe de Estado português, dizendo que só se encontrou a mulher deste, Juliana Vilela Drummond, no final de 2022, quando já se encontrava no Brasil, num evento público em São Paulo.
Considerando “não ser um absurdo” haver várias pessoas com acesso à sua conta, Daniela Martins disse que “havia tentado todos caminhos para encontrar o acesso à medicação”, reforçando que já planeava ir para Portugal antes de as filhas precisarem do tratamento com o medicamento Zolgensma no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
A mãe das crianças foi ainda confrontada com o visionamento do 'mail' enviado a Juliana Vilela Drummond através da sua conta, mas reforçou não se recordar do envio.
Também questionada pela IL sobre quem tem acesso ao seu email e ao seu telemóvel pessoal, Daniela Martins afirmou que era quem estava a acompanhá-la quando as crianças estavam nos cuidados intensivos.
“As minhas cunhadas, irmãos, familiares de modo geral que tinham acesso ao meu telemóvel e às informações para dar seguimento às alternativas de tratamento para as meninas”, acrescentou.
Sobre uma mensagem que terá enviado por Whatsapp para Nuno Rebelo de Sousa, a mãe das gémeas disse que não acha possível que alguém tenha enviado do seu telemóvel “porque não tinha o contacto” do filho do Presidente da República.
Daniela Martins não acha “nada impossível que a informação [sobre a situação das suas filhas] tenha chegado a ele”, e que quando lançou o pedido de ajuda financeira, esse “grito de socorro pode ter chegado através de alguém”, até porque viviam “na mesma cidade”.
“Eu não tenho meios de perceber quem foram os elos até chegar ao Dr. Nuno Rebelo de Sousa, também gostava de saber”, afirmou, indicando que esta situação “chegou a ele e a muita gente”.
A mãe referiu que “não tinha ouvido falar” de Nuno Rebelo de Sousa, mesmo “quando ainda morava em São Paulo”.
"Fui parva, errei"
"Numa conversa, supostamente informal, vangloriei-me e afirmei ter havido uma rede de influências em que os médicos começaram a receber ordens de cima. Sobre isso, só posso pedir imensa desculpa a toda a gente de Portugal. Fui parva, errei, e errei porque disse algo que não era verdade por vaidade naquele momento", afirmou.
A mãe das gémeas disse também ter sido uma "frase falsa e infeliz" ter dito que conhecia a mulher de Nuno Rebelo de Sousa.
"Afirmei que conhecia a nora do Presidente da República, mas a verdade é que somente a conheci num evento de Natal em São Paulo, anos depois da medicação", referiu.
A mãe das gémeas disse também ter sido uma "frase falsa e infeliz" ter dito que conhecia a mulher de Nuno Rebelo de Sousa.
"Afirmei que conhecia a nora do Presidente da República, mas a verdade é que somente a conheci num evento de Natal em São Paulo, anos depois da medicação", referiu.
Daniela Martins já tinha dito, na mesma comissão de inquérito, que conheceu a nora do presidente da República num “evento de Natal em São Paulo” apenas anos depois de as filhas terem sido “medicadas”.
Numa segunda ronda, a mãe das gémeas tratadas em Portugal admitiu que se comentava no Hospital de Santa Maria que o presidente da República tinha tido interferência no acesso das crianças àquele estabelecimento.
“Era ouvido no hospital que eu estava lá a mando do Presidente da República, e eu passei a acreditar nisso”, disse.
Questionada por várias bancadas sobre esta questão, Dacrescentou não ter conhecimento “do que acontece no hospital”
“Eu não sei os bastidores. Se diziam que o Presidente interferiu, foi uma coisa que eu passei a acreditar”, insistiu.
“Não tem muito o que eu questionar. O meu foco é o tratamento das meninas e não a forma como foi marcada a consulta […] Não questionava essas coisas, para mim na altura eram irrelevantes”, continuou.
Daniela Martins indicou também que nunca tentou “fazer amizades no hospital, ter algum privilégio” e que “só queria que as consultas acontecessem”.
“Era ouvido no hospital que eu estava lá a mando do Presidente da República, e eu passei a acreditar nisso”, disse.
Questionada por várias bancadas sobre esta questão, Dacrescentou não ter conhecimento “do que acontece no hospital”
“Eu não sei os bastidores. Se diziam que o Presidente interferiu, foi uma coisa que eu passei a acreditar”, insistiu.
“Não tem muito o que eu questionar. O meu foco é o tratamento das meninas e não a forma como foi marcada a consulta […] Não questionava essas coisas, para mim na altura eram irrelevantes”, continuou.
Daniela Martins indicou também que nunca tentou “fazer amizades no hospital, ter algum privilégio” e que “só queria que as consultas acontecessem”.
As razões para escolher Portugal
Na sua intervenção inicial, Daniela Martins recusou ter vindo para Portugal "fazer turismo de saúde", salientando que é cidadã portuguesa "há mais de 15 anos".
Quanto às meninas, indicou que são cidadãs portuguesas desde setembro de 2019 e que o processo foi iniciado junto do Consulado português de São Paulo em abril desse ano.
"Nessa época, não havia suspeita de doença", indicou, assinalando que as crianças receberam o diagnóstico "no dia 09 de setembro de 2019".
Daniela Martins referiu também que o plano da sua família era mudar-se para Portugal assim que as crianças "tivessem autonomia para isso", mas que essa intenção foi antecipada por conta da possibilidade de tratamento em Lisboa.
“Em menos de três meses de internamento foram para o bloco cirúrgico 10 vezes. Não podem nem sequer imaginar o momento que eu e a minha família passámos”, afirmou.
Visivelmente emocionada, a mãe das duas meninas, agora com cinco anos, indicou que aquele foi “de longe o pior momento” da sua vida.
Quanto às meninas, indicou que são cidadãs portuguesas desde setembro de 2019 e que o processo foi iniciado junto do Consulado português de São Paulo em abril desse ano.
"Nessa época, não havia suspeita de doença", indicou, assinalando que as crianças receberam o diagnóstico "no dia 09 de setembro de 2019".
Daniela Martins referiu também que o plano da sua família era mudar-se para Portugal assim que as crianças "tivessem autonomia para isso", mas que essa intenção foi antecipada por conta da possibilidade de tratamento em Lisboa.
“Em menos de três meses de internamento foram para o bloco cirúrgico 10 vezes. Não podem nem sequer imaginar o momento que eu e a minha família passámos”, afirmou.
Visivelmente emocionada, a mãe das duas meninas, agora com cinco anos, indicou que aquele foi “de longe o pior momento” da sua vida.
Crianças "não passaram à frente"
Segundo a mesma, foi nessa altura que teve conhecimento do medicamento Zolgensma e que, como não tinha possibilidade financeira para pagar este tratamento, começou uma angariação de fundos pela internet no Brasil, contactou o laboratório responsável e pediu o visto americano, uma vez que também era aplicado naquele país.
“Nessa mesma época, começámos o envio para médicos e hospitais aqui em Portugal”, disse, indicando que foi feito “um email de apresentação padrão” com informação e o relatório médico das meninas e foi enviado por si “e por pessoas que disseram que ajudariam”.
A mãe das crianças disse também desconhecer que poder ter-se dirigido com as crianças a um serviço de urgência e que dessa forma as “meninas teriam acesso ao SNS” e recusou que tenham “passado à frente” de outras.
Daniela Martins endereçou também várias críticas à comunicação social e à exposição mediática que o caso teve e acusou a TVI de ter montado “uma armadilha” e que foi gravada na sua casa, “com uma câmara escondida, por uma pessoa que disse ser um técnico de equipamentos”.
E falou em “notícias fantasiosa”, uma “exposição mediática despreocupada com as crianças” e “declarações falsas que estimularam uma onda de ódio”, lamentando que não tenha existido intervenção de nenhuma entidade e indicando que apresentou uma queixa-crime.
A mãe das crianças mostrou-se ainda “imensamente grata ao SNS” e ao Governo português e disse que fez “tudo para garantir o melhor” para as suas filhas.
“Nessa mesma época, começámos o envio para médicos e hospitais aqui em Portugal”, disse, indicando que foi feito “um email de apresentação padrão” com informação e o relatório médico das meninas e foi enviado por si “e por pessoas que disseram que ajudariam”.
A mãe das crianças disse também desconhecer que poder ter-se dirigido com as crianças a um serviço de urgência e que dessa forma as “meninas teriam acesso ao SNS” e recusou que tenham “passado à frente” de outras.
Daniela Martins endereçou também várias críticas à comunicação social e à exposição mediática que o caso teve e acusou a TVI de ter montado “uma armadilha” e que foi gravada na sua casa, “com uma câmara escondida, por uma pessoa que disse ser um técnico de equipamentos”.
E falou em “notícias fantasiosa”, uma “exposição mediática despreocupada com as crianças” e “declarações falsas que estimularam uma onda de ódio”, lamentando que não tenha existido intervenção de nenhuma entidade e indicando que apresentou uma queixa-crime.
A mãe das crianças mostrou-se ainda “imensamente grata ao SNS” e ao Governo português e disse que fez “tudo para garantir o melhor” para as suas filhas.
Nuno Rebelo de Sousa e António Costa chamados
Entretanto, a comissão parlamentar de inquérito ao caso das gémeas tratadas no Hospital de Santa Maria voltou a requerer a presença do filho do presidente da República, alegando que que a sua recusa em comparecer “consubstancia um crime de desobediência”.
A comissão aprovou por unanimidade, a convocação de Nuno Rebelo de Sousa para ser ouvido nos dias 03 ou 12 de julho, presencialmente ou por videoconferência, antes da audição à mãe das crianças luso-brasileiras.
A comissão aprovou por unanimidade, a convocação de Nuno Rebelo de Sousa para ser ouvido nos dias 03 ou 12 de julho, presencialmente ou por videoconferência, antes da audição à mãe das crianças luso-brasileiras.
Também esta sexta-feira, o PSD, IL e CDS-PP aprovaram o requerimento do Chega para a audição do antigo primeiro-ministro António Costa pela comissão parlamentar de inquérito ao caso das gémeas tratadas com o medicamento Zolgensma.
De acordo com o regime jurídico dos inquéritos parlamentares, os ex-primeiros-ministros podem optar por "depor por escrito, se o preferirem".
De acordo com o regime jurídico dos inquéritos parlamentares, os ex-primeiros-ministros podem optar por "depor por escrito, se o preferirem".
C/Lusa