Circulação entre concelhos proibida no próximo fim-de-semana

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Manuel de Almeida - Lusa

No próximo fim-de-semana, nos concelhos com mais de 240 casos por 100 mil habitantes, estará em vigor a proibição de circulação entre concelhos e a circulação na via pública a partir das 13h. Fora destas medidas ficam apenas 25 concelhos de Portugal continental. António Costa antecipou também que na próxima semana “provavelmente teremos de adotar medidas mais restritivas”.

António Costa anunciou esta quinta-feira, após uma reunião de Conselho de Ministros, as medidas que vão integrar o oitavo período do estado de emergência que se prolonga até ao próximo dia 15.

O primeiro-ministro admitiu que as medidas que têm sido adotadas “não são suficientes” e, por isso, o Governo decidiu “estender as regras atualmente em vigor” no combate à pandemia no território continental
, determinando ainda uma “medida cautelar” no próximo fim de semana para os concelhos com maior risco.

Como medida cautelar, no fim de semana vão aplicar-se por igual, a todos os concelhos com mais de 240 casos por 100 mil habitantes, as regras de circulação entre concelhos e da proibição de circulação na via pública após as 13 horas”, anunciou o primeiro-ministro.

Estas medidas “só não se aplicam em 25 concelhos, em que o número de novos casos é inferior a 240”, explicou António Costa.

Na quarta-feira, Portugal registou 10.027 novos casos de infeção por Covid-19, um novo máximo diário desde o início da pandemia. Esta quinta-feira, o número foi próximo, com 9.927 novas infeções confirmadas e 95 mortos.

Apesar dos números preocupantes dos últimos dias, António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa explicam que ainda não existem dados suficientes que indiquem que o aumento de novos casos seja um reflexo do alívio das medidas no Natal. Para avaliar esse impacto, está marcada uma reunião de especialistas no Infarmed para o próximo dia 12.

“Quando adotamos as medidas para este mês, assumimos desde logo como previsível que diminuindo o nível de restrição durante o Natal, era natural que a seguir houvesse algum incremento da transmissão, mesmo que a generalidade das famílias adotasse, como creio que adotou, as medidas de prevenção”, explicou António Costa.

“Os números de ontem e hoje são muitos díspares daquilo que tínhamos no início da semana, quando tínhamos cerca de 4.500 casos. Houve uma duplicação dos números em dois dias”, observou o primeiro-ministro.

“Temos que ver o que é efeito da maior circulação, o efeito de a maioria das pessoas durante o período das festas terem testado menos”, diz Costa, sublinhando que 91 por cento dos casos são testes realizados antes de ontem e, portanto, “são muito recentes”.
Medidas mais restritivas na próxima semana
Apesar de o impacto do alívio do Natal ainda não estar “totalmente clarificado”, António Costa afirma que os últimos números “indiciam um agravamento da situação” e, por isso, prevê que “provavelmente teremos de adotar medidas mais restritivas a partir da próxima semana”.

O Governo está a aguardar a reunião com os especialistas para poder ter “uma melhor clarificação” da evolução da pandemia, mas o primeiro-ministro avançou que foi já convocada uma reunião de emergência com a comissão permanente da concertação social para sexta-feira para avaliar “se tal vier a ser necessário, a adoção de medidas no próprio dia 12 que correspondam a um agravamento da situação".

Sobre estas medidas mais apertadas, Costa diz não querer antecipar, mas considera como cenário provável regressarmos “ao conjunto de medidas-tipo adotadas em março”. O primeiro-ministro reconhece que as medidas mais restritivas para os fins de semana poderão ser aplicadas também aos dias de semana, ou seja, não exclui a possibilidade de adotar “medidas de confinamento mais geral” como as que foram adotadas no início da pandemia, em 2020. No entanto, Costa descarta a hipótese de encerramento das escolas, explicando que “todos os especialistas indicam que não se justifica afetar o normal funcionamento das escolas”.

O primeiro-ministro sublinha que a esperança “é a última coisa a morrer” e que se deve manter em aberto que “os números de ontem e de hoje sejam um ajustamento e que os dados até dia 12 não confirmem o que esperamos. Mas se se confirmarem é necessário fazer o que é preciso fazer”.
Quais os concelhos fora das restrições deste fim-de-semana?

Em novembro, o executivo dividiu os 278 municípios do continente em quatro grupos, consoante o nível de risco de transmissão: moderado, elevado (entre 240 e 480 casos por 100 mil habitantes), muito elevado (entre 480 e 960) e extremamente elevado (mais de 960).

Cinquenta e seis concelhos de Portugal continental integram a partir desta quinta-feira o nível de risco extremo de contágio por Covid-19, segundo a mais recente lista de níveis de risco divulgada pelo Governo.

Já o número de concelhos em risco muito elevado é agora de 132, enquanto em risco elevado encontram-se 64 e em risco moderado 25 municípios.

Estes 25 concelhos com menos de 240 casos por 100 mil habitantes estão excluídos das restrições deste fim-de-semana.

São eles: Alcoutim, Aljezur, Almeida, Arronches, Barrancos, Carrazeda de Ansiães, Castanheira de Pêra, Castelo de Vide, Coruche, Ferreira do Alentejo, Freixo de Espada à Cinta, Lagoa, Manteigas, Monchique, Odemira, Pampilhosa da Serra, Proença-a-Nova, Resende, Santiago do Cacém, Sardoal, Sernancelhe, Sines, Torre de Moncorvo, Vila de Rei e Vila do Bispo.

c/Lusa
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