Centenas de pessoas protestam por mais apoios na restauração, cultura e animação noturna
Centenas de empresários e trabalhadores da restauração, eventos culturais e animação noturna juntaram-se no Rossio, em Lisboa, exigindo apoios do Governo para lutarem contra o desemprego e continuarem "a pôr pão na mesa". A manifestação foi convocada pelo setor da restauração, com o objetivo de pedir que sejam concedidas condições para os vários estabelecimentos não fecharem portas.
"Estão a matar 100 por cento dos restaurantes por três por cento do contágio", lia-se num cartaz. "Queremos trabalhar, deixem-nos viver" ou "Não há saúde sem economia" foram outras das frases que se liam nos cartazes de alguns manifestantes.
Os organizadores queixam-se de terem sido obrigados a despedir trabalhadores, nomeadamente no setor da animação cultural, mas também na restauração, na hotelaria, nas discotecas e bares noturnos e nos transportes de turistas.
O comércio e a restauração deram início este sábado ao primeiro de dois fins de semana em que apenas podem abrir entre as 08h00 e as 13h00, no âmbito do estado de emergência - uma medida contestada por várias associações empresariais.
Apoio extraordinário à restauração pelo encerramento nos fins de semana
O ministro da Economia disse também este sábado que o apoio excecional aos restaurantes dos concelhos abrangidos pelo estado de emergência, para os compensar pela receita perdida nestes dois fins de semana, chegará aos 25 milhões de euros.
Em causa está uma medida excecional e complementar às outras que já existem para o setor da restauração, consistindo num apoio equivalente a 20 por cento da receita perdida neste fim de semana e no próximo, face à média da faturação de todos os fins de semana deste ano.
Em conferência de imprensa, o ministro explicou que no caso específico deste apoio o cálculo da média de perda de receita é feito por comparação com os fins de semana dos primeiros nove meses do ano porque o objetivo é compensar estas empresas relativamente ao que poderiam faturar se estivessem abertas.
O país está em estado de emergência desde dia 9 de novembro e até 23 de novembro, período durante o qual há recolher obrigatório nos concelhos de risco de contágio mais elevado e municípios vizinhos. Durante a semana, o recolher obrigatório tem de ser respeitado entre as 23h00 e as 05h00, enquanto nos fins de semana a circulação está limitada entre as 13h00 de sábado e as 05h00 de domingo e entre as 13h00 de domingo e as 05h00 de segunda-feira.
Desta forma, este apoio excecional, que será pago em dezembro, irá juntar-se aos 1.103 milhões de euros que já foram disponibilizados ou estão anunciados para o setor da restauração, onde se incluem 286 milhões de euros através do ‘lay-off’ simplificado e do apoio à retoma progressiva, 12 milhões de euros através do programa Adaptar e 580 milhões de euros em linhas de crédito. Os dados avançados este sábado pelo ministro indicam que dos 750 milhões de euros contemplados no programa Apoiar.pt, 200 milhões de euros serão absorvidos pelo setor da restauração.
"Estamos confiantes que durante o mês de dezembro possamos estar a fazer os primeiros pagamentos", referiu Siza Vieira.
Neste contexto sublinhou que o Governo vai continuar a trabalhar para mitigar o impacto desta crise, adiantando que está a ser equacionada de que forma será possível apoiar as rendas do setor comércio. O governo, afirmou, continua a avaliar a evolução do impacto da crise e a "adequar as respostas".