Centenas de pessoas no centro de Lisboa contra violência em Gaza e por "Palestina livre"

por Lusa

 

Centenas de pessoas juntaram-se hoje na Praça do Martim Moniz, em Lisboa, numa manifestação contra o escalar da violência em Gaza, onde as palavras de ordem que mais se ouviram foram "Palestina livre" e "Palestina vencerá".

Com música de fundo de tambores e empunhando bandeiras da Palestina, os manifestantes, muitos dos quais envergando o lenço tradicional palestiniano, empunhavam cartazes que apelavam ao "fim do genocídio", "fim do apartheid" e "fim do bloqueio a Gaza", por Israel, que tem em curso uma operação militar em Gaza depois de a 07 de outubro ter sido alvo de um ataque do movimento islamita Hamas que fez perto de 1.400 mortos.

No encontro, os organizadores manifestaram receio de um alastramento da guerra ao resto do mundo e exigiram do Governo português uma tomada de posição.

A concentração "Fim à Agressão a Gaza, Paz no Médio Oriente", que teve início hoje às 18:00 e a que se seguiu uma vigília, foi organizada pelo Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), pelo Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM), Coletivo pela Libertação da Palestina e Confederação-Geral dos Trabalhadores Portugueses - Intersindical Nacional (CGTP-IN), face ao conflito entre israelitas e palestinianos.

O secretário geral do PCP, Paulo Raimundo, marcou presença na manifestação, justificando que não podia deixar de estar presente "nesta jornada de parar a guerra, o genocídio e o massacre".

O responsável político acredita que a força das manifestações que estão a tomar expressão cada vez mais forte em todo o mundo, para exigir o "fim da guerra, deste massacre que está em curso e da suposta invasão de Gaza", pode travar o seu avanço.

"Não só é possível, como penso que estas demonstrações de força, de solidariedade e confiança têm estado a retardar de forma concreta este massacre em curso", afirmou, lembrando que o que classificou como um "genocídio em curso", há dez dias e com "dez mil bombas detonadas em Gaza por parte do governo israelita", além da "destruição de escolas, hospitais, ambulâncias e milhares de mortos".

"Todos nos preocupamos com as vítimas civis de todo o lado, e que atos criminosos, terroristas que vitimem vítimas inocentes e civis são condenáveis sejam elas de onde forem: isso aconteceu no [ataque do Hamas] no dia 07 de outubro em Israel e está a acontecer desde há 10 dias para cá, todos os dias, atos terroristas, atos criminosos, crimes de guerra" alegadamente cometidos por forças israelitas, disse Raimundo.

Isabel Camarinha, secretária-geral da CGTP, disse que a manifestação pretende denunciar os mais de 70 anos de repressão, opressão e ocupação de terras do povo palestiniano.

Camarinha pôs a tónica no incumprimento por parte de Israel das "centenas de resoluções das Nações Unidas" e sublinhou que é preciso dar-lhes cumprimento.

"Israel tem feito o que tem feito com a cumplicidade dos EUA da União Europeia e da NATO", acrescentou a sindicalista, considerando que basta cumprir as resoluções da ONU "para que acabe esta guerra e para que o povo palestiniano tenha direito ao seu Estado".

O vice-presidente do CPPC, Rui Garcia, lembrou que Portugal comemora em breve os 50 anos do 25 de Abril e que perante essa celebração da liberdade se deveria questionar o que está a fazer perante os acontecimentos na Palestina.

"O Governo português tem especial responsabilidade de levantar a voz. Não basta dizer no vazio que se é contra os crimes de guerra. É preciso que no concreto haja posições e atuação, para que aquela situação termine e se inverta", salientou.

Para Rui Garcia, o que está em curso na Palestina é uma "limpeza étnica".

Já o vice-presidente do MPPM, Carlos Almeida, questionou por que é que o Governo português tem uma resolução aprovada na Assembleia da República desde 2014, recomendando o reconhecimento do Estado da Palestina e aguarda tanto tempo para o fazer.

"Todos os governos do mundo sabem que a solução dos dois Estados está a morrer todos os dias" e "ninguém pode dizer que não sabia", considerou.

"O potencial de alastramento para um conflito de larguíssimas proporções, que pode atingir não apenas a paz no Médio Oriente, mas a paz no mundo, devia alertar as consciências", adiantou.

Embrulhada na bandeira palestiniana, Adriana, escritora de 28 anos com ascendência alemã e judaica, disse à Lusa estar na presente na manifestação por ter "a responsabilidade" de se opor a um Estado que impõe um "Apartheid a um grupo de pessoas que têm sido privadas dos seus direitos". "Tenho uma responsabilidade especial por ser judia", disse a jovem de Washington DC (EUA), que está em Portugal há um ano e meio. 

Iuri, 30 anos, saiu à rua "para apoiar os palestinianos que estão a passar por um genocídio". "Mostrar apoio e solidariedade é o mínimo que podemos fazer por aqueles que não têm voz", adiantou à Lusa o jovem, que trabalha na indústria da informação.

Com a cabeça coberta por um lenço palestiniano, branco e preto, Shannon assumiu estar presente "para que o mundo saiba que as pessoas estão com a Palestina". "O mínimo que podemos fazer para os inocentes que estão a ser mortos é condenar o que está a acontecer todos os dias", disse à Lusa a jovem de 28 anos, de dupla nacionalidade alemã e americana, que está em Portugal há sete anos e trabalha na área do marketing.

 

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