Centenas de doentes com cancro à espera de prótese dentária

por RTP
Lucy Nicholson - Reuters

A denúncia é feita pela presidente do Grupo de Estudos de Cancro da Cabeça e Pescoço ao Jornal de Notícias. Ana Castro revela que há centenas de pessoas à espera que se cumpra um despacho governamental de 2016 que criou um programa de reabilitação oral para pacientes oncológicos.

O programa-piloto deveria ocorrer em oito hospitais públicos do Grande Porto, Coimbra e Lisboa para a “introdução progressiva de próteses que permitam a reabilitação oral”. O programa visa doentes que perderam os dentes devido a tratamentos a cancros na cabeça e pescoço.

“No Centro Hospitalar do Porto e no de Gaia/Espinho nenhum médico conseguiu ainda colocar uma prótese dentária” e, só ali, há “mais de 100 pessoas à espera”, denuncia Ana Castro ao JN.
Assinala-se esta sexta-feira o dia mundial do cancro da cabeça e pescoço.
De acordo com a presidente do Grupo de Estudos de Cancro da Cabeça e Pescoço, em causa está a dificuldade em “operacionalizar o que está acordado”, nomeadamente porque os hospitais que têm de acompanhar cada caso não sabem onde adquirir as próteses ou como fazer esse procedimento. “Os hospitais já pediram esclarecimentos ao Ministério, mas ainda não sabem”, reforça Ana Castro.

Os tratamentos contra o cancro obrigam com frequência a que seja necessário extrair os dentes aos pacientes ou os próprios dentes ficam estragados com a terapia. Ana Castro considera ser “urgente” desbloquear o problema das próteses para melhorar a qualidade de vida dos doentes, até porque são caras e os pacientes necessitam de apoio.

No entanto, os casos arrastam-se sem solução. Como o de Orlando Monteiro, que ao JN revela que está à espera do apoio prometido.

Em resposta ao jornal, o Ministério da Saúde diz que foi apurado um custo médio de 150 euros para as próteses e um financiamento anual global de 75 mil euros. O Ministério esclarece que a circular que estabelece as regras de faturação das instituições hospitalares indica que este tipo de procedimento será pago através de “reembolso” das próteses colocadas pelos doentes. O Ministério não confirma, no entanto, se já foi paga ou não alguma prótese desde que foi publicado o despacho, em dezembro de 2016.
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