CDU apela a população para lutar contra venda do estádio do Estrela

por Agência LUSA

A CDU da Amadora apelou hoje à população para lutar contra a venda do estádio do Estrela da Amadora para fins imobiliários, uma hipótese colocada pelo clube à autarquia para sanar as dívidas.

A CDU manifesta-se hoje, em comunicado, contra qualquer "especulação imobiliária" com o espaço actualmente ocupado pelo estádio, apesar de o presidente da Câmara, o socialista Joaquim Raposo, ter afirmado que para viabilizar o projecto proposto pelo clube seria necessária a concordância de todos os partidos.

A coligação formada pelo PCP e PEV apelida de "crime contra a qualidade de vida na cidade da Amadora" uma eventual demolição do Estádio José Gomes para construir mais prédios.

Os terrenos do Estrela da Amadora foram-lhe oferecidos pelo município, que considerou as instalações de utilidade pública, e a CDU entende ser inaceitável transformá-los em "30 milhões de euros para serem delapidados no negócio do futebol".

"Na Amadora existem muitas outras prioridades onde investir 30 milhões de euros", afirma a CDU, referindo-se ao valor do negócio se for concretizado.

A CDU adianta que a direcção do Estrela da Amadora pretende, em alternativa ao actual estádio, passar a ocupar um estádio municipal existente no Monte da Galega e usufruir assim de mais um apoio municipal.

Segundo a CDU, está muito mais em causa do que os terrenos do Estrela da Amadora, pretendendo-se também urbanizar os terrenos da Académica e das Piscinas do Clube de Natação da Amadora (CNA).

Para a CDU, a solução para o clube resolver os problemas financeiros passa por alterar o modelo de gestão, reduzindo as despesas e utilizando "as grandes receitas de que dispõe" para um pagamento faseado das dívidas acumuladas.

"Convém neste momento lembrar que o Bingo do Estrela, por exemplo, é o mais lucrativo do país", refere a CDU.

A CDU critica os gastos do clube com o futebol profissional e defende uma aposta na promoção do desporto junto dos jovens e o aumento do número de sócios, com o apoio do município, tal como todas as associações da cidade.

A coligação quer manter o complexo desportivo na Reboleira e defende uma intervenção de requalificação na zona para a criação de uma grande área de lazer e desporto entre o Estádio José Gomes e a Escola das Profissões, integrando os pavilhões da Académica e as piscinas do CNA, com novos equipamentos e arranjo dos espaços exteriores.

Já o PSD defende "uma nova cidade desportiva na Amadora", considerando que a actual zona onde estão instalados o Estádio do Estrela da Amadora, o CNA e a Associação Académica "não tem vocação desportiva", disse à agência Lusa o presidente da concelhia social- democrata, Carlos Reis.

Segundo Carlos Reis, as actuais instalações desportivas estão mal situadas para aquela actividade.

"Propomos a transferência dos equipamentos desportivos para outras zonas da cidade, permitindo ajudar a situação dos clubes, particularmente do Estrela da Amadora, que é complicada, e promover uma requalificação urbana", afirmou Carlos Reis.

De acordo com Carlos Reis, tudo pode ser feito através de uma parceria entre a Câmara e os clubes envolvidos com "praticamente um custo zero para o erário público".

Embora sem avançar números, o líder da concelhia do PSD disse que a comercialização dos terrenos seria suficiente para viabilizar o projecto.

Trata-se de uma proposta que vem sendo falada há muito tempo e que merece o apoio do PSD, como base de trabalho, referiu.

"Temos de acautelar as garantias da cidade e dos clubes, minimizando os riscos neste processo, tanto pelo lado do financiamento como da titularidade dos futuros investimentos", sustentou.

O PSD apoia a demolição das estruturas existentes, alegando que a cidade cresceu e as actuais instalações "não têm condições para se remodelar e alargar".

"É preciso espaço para estacionamentos e mobilidade, que não existe, tirando o comboio", acrescentou.

O PSD quer uma nova cidade desportiva na Amadora, numa zona desafogada, eventualmente na Falagueira, para promover o desporto junto dos jovens, também como forma de combate à criminalidade.

"Com isto resolvemos alguns problemas dos clubes e não amarramos o Estrela da Amadora a um estádio que não tem qualquer viabilidade", indicou.

A agência Lusa tentou contactar a Câmara da Amadora, mas não foi possível obter uma reacção em tempo útil.

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