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Católicos preocupados com falta de "relações de proximidade" entre imigrantes e portugueses

por Lusa

A diretora da Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM) mostrou-se hoje preocupada com as poucas "relações de proximidade" entre imigrantes e portugueses, num momento em que foi anunciado um grande aumento de estrangeiros em Portugal.

Na terça-feira, foi publicado o relatório intercalar da recuperação de processos pendentes na Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), que estima em 1,6 milhões o número de estrangeiros residentes em Portugal em 2024, muito acima dos anteriores dados estatísticos.

O aumento anunciado veio "bater certo com a perceção que nós temos de que a presença de cidadãos vindos de estrangeiros está a aumentar", afirmou à Lusa Eugénia Quaresma, que aponta o risco de clivagens na sociedade portuguesa.

Como "instituição da Igreja, importa-nos muito a qualidade da integração", que inclui a "proteção dos mais vulneráveis, a promoção das pessoas e a inclusão", afirmou a responsável.

Para que esse processo tenha sucesso, é importante avaliar os comportamentos pessoais: "Como é que nós estamos, no dia a dia, a estabelecer esta relação de proximidade com quem vai chegando, com quem está, com quem trabalha connosco".

E a "qualidade da relação neste momento é algo que me preocupa, porque é aqui também que se joga o acolhimento que é preciso cultivar e de parte a parte", um comportamento que "é pedido aos cidadãos que recebem, mas também aos cidadãos que chegam e que estejam disponíveis para cultivar estas relações de proximidade".

O relatório referente a 2023 apontava para pouco mais de um milhão de estrangeiros em Portugal, mas os dados agora divulgados fazem correções estatísticas aos anos anteriores, tendo em conta a regularização dos processo de manifestação de interesse, um recurso jurídico, entretanto extinto, que permitia a normalização de quem chegasse com visto de turismo.

Hoje em dia, "há uma grande necessidade de diálogo, capacidade de construir pontes, de empatizar não só com aqueles que estão semelhantes a nós e que vêm do território europeu", mas também quem não fala português e chega de outras geografias.

Para a responsável da organização que representa dezenas de estruturas católicas, o trabalho, as escolas "deve ser um exemplo a seguir" pelo resto da sociedade, pela forma como fomentam o convívio entre diferentes culturas.

"Há projetos bonitos a acontecer que vale a pena dar a conhecer e replicar", afirmou.

"O que é preciso é que haja esta disponibilidade para nos conhecermos, para escutar e para crescermos em conjunto" e "compete a cada um de nós cultivarmos esta proximidade e não ficarmos só com os recortes das redes sociais, que são fontes de informação manipuláveis", acrescentou ainda.

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