Catarina Martins diz que PR desresponsabiliza Governo pela situação no SNS
A candidata presidencial Catarina Martins afirmou hoje que não compreende a posição do Presidente da República, de alegada desresponsabilização do Governo e da ministra da saúde pela degradação do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
"Eu tenho muita dificuldade em compreender a posição do Presidente da República, que, por menos, no passado, pediu a demissão de ministros, precisamente para dizer que não é possível alguém deixar que coisas destas aconteçam sem responsabilidade política, sem mudar. E neste momento todos vemos como Marcelo Rebelo de Sousa prefere falar de pactos de regime sem responsabilizar o Governo pelo que está a acontecer", disse Catarina Martins.
"É preciso investir no Serviço Nacional de Saúde e é preciso que o Serviço Nacional de Saúde tenha equipas dedicadas. Enquanto acharmos que tudo se resolve com cortes e prestadores de serviço, vamos ficar cada vez piores", acrescentou a ex-coordenadora do BE, durante uma visita ao Centro Social S. Francisco Xavier, da Cáritas de Setúbal, que dá apoio a pessoas carenciadas e a muitos sem abrigo.
O Presidente da República disse quinta-feira no encerramento de uma conferência sobre os 50 anos do Serviço Médico na Periferia (SMP) no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), que prevalece o "casuísmo" na gestão da saúde, com "soluções para o curtíssimo prazo" e "linhas cinzentas" entre as responsabilidades do Governo e da Direção Executiva do SNS.
Segundo o chefe de Estado, o panorama atual no SNS é de "uma dispersão de decisões, é um desgaste de decisões, são soluções para o curtíssimo prazo ou para o curto prazo, e depois fica por definir exatamente, mas qual é o objetivo a prazo".
Na visita à Caritas de Setúbal, Catarina Martins criticou também a alegada a orientação dada pelo diretor executivo do SNS aos administradores hospitalares para cortarem em algumas despesas.
"A Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde fez uma reunião com os administradores hospitalares em que lhes disse que eles iriam ter de cortar, mesmo que isso pusesse em causa o seu serviço assistencial, ou seja, a resposta que dão às populações. Isto é inaceitável, absolutamente inaceitável e o Presidente da República devia estar a dizer isso mesmo", disse.
"A saúde é um pilar do nosso país e nós precisamos de saber que o SNS está lá quando mais precisamos. O que está a acontecer é inaceitável. E o Presidente da República devia ter como primeira prioridade garantir que toda a gente tenha acesso à saúde.", frisou a candidata presidencial, que também se referiu à morte de uma grávida ocorrida hoje de madrugada como um exemplo da falta de respostas adequadas para situações de urgência no SNS.
Sobre a campanha eleitoral para as eleições presidenciais, que já estão marcadas para 18 de janeiro de 2026, Catarina Martins disse que "há quem esteja deliberadamente a ofender a democracia, o que degrada o país e não permite que se fale dos problemas de generalidade da população".
"Eu hoje vim aqui à Cáritas de Setúbal porque sei que tem um trabalho extraordinário feito com pessoas em situação de sem abrigo, num país em que 20% da população vive na pobreza e em que a crise da habitação é das mais graves do país. Eu espero que nas eleições presidenciais possamos falar dos problemas do país. Farei tudo para isso", concluiu Catarina Martins.