Morte de Jéssica. Quatro arguidos condenados a 25 anos de prisão

por RTP
Rui Minderico - Lusa

Quatro dos arguidos envolvidos no caso de Jéssica, a menina de três anos morta em 2022 em Setúbal, foram condenados a 25 anos de prisão. Trata-se da mãe da criança, a sua alegada ama e o marido e filha desta última.

A leitura do acórdão decorreu esta terça-feira no Tribunal de Setúbal. Os 25 anos de cadeia para quatro dos cinco acusados tinham sido pedidos pelo Ministério Público.

Jéssica foi torturada e espancada em casa da alegada ama, que reteve a criança para exigir à mãe o pagamento de dívidas por serviços de bruxaria. A menina acabou por morrer no Hospital de São Bernardo, emSetúbal.O MP pediu 25 anos para a mãe da criança, Inês Sanches, para a suposta ama da menina, Ana Pinto, o seu marido, Justo Montes, e a filha, Esmeralda Montes.

“Era um julgamento muito difícil”, mas que se realizou de forma rápida, destacou à saída do tribunal o juiz presidente da Comarca de Setúbal. “Esta criança também merece isso”, acrescentou.

“Penso que há um momento em que chegamos à conclusão que não se consegue” explicar todos os contornos deste caso que ficaram por conhecer, reconheceu ainda o juiz. “Acho que o coletivo fez esse raciocínio”.
o filho da alegada ama, que foi absolvido da acusação de tráfico de estupefacientes, disse à saída do tribunal que “justiça foi feita” e não quis prestar declarações sobre as penas atribuídas aos pais.
Mãe ignorou sinais de sofrimento
O caso remonta a junho de 2022, quando Jéssica, com três anos, morreu devido aos maus-tratos que lhe foram infligidos durante os vários dias em que esteve ao cuidado da suposta ama.

O despacho de acusação do Ministério Público refere que, durante os cinco dias em que permaneceu na casa de Ana Pinto como garantia de pagamento de uma dívida da mãe, de 200 euros, por alegadas práticas de bruxaria, a menina foi sujeita a vários episódios de maus-tratos violentos e utilizada como correio de droga.

Jéssica só foi devolvida à mãe cerca das 10h00 do dia 20 de junho de 2022, numa altura em que já não reagia a qualquer estímulo.

Os sinais evidentes do seu sofrimento foram ignorados durante várias horas pela própria mãe, facto que a investigação considerou que também poderá ter contribuído para a morte da criança, que ocorreu poucas horas depois no Hospital de São Bernardo, em Setúbal.

c/ Lusa
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