Casas dos portugueses são frias e desconfortáveis no inverno

por RTP
Kai Pfaffenbach - Reuters

Um estudo recente afirma que a maioria dos portugueses considera viver em casas frias e termicamente desconfortáveis no inverno. Portugal tem a eletricidade mais cara da Europa e, por isso, são elevados os gastos de energia para responder ao frio.

O Portal da Construção Sustentável lançou os resultados de um inquérito realizado com a colaboração do Grupo de Trabalho de Construção Sustentável da Quercus entre os meses de fevereiro e setembro de 2017, tendo por objetivo perceber se os portugueses consideram viver com condições térmicas adequadas e como garantem o conforto.Uma investigação de 2003 da Universidade de Dublin concluía, já então, que Portugal era um dos países com maior taxa de mortalidade por falta de aquecimento ou isolamento das habitações.

Foram inquiridas cerca de mil pessoas em Portugal continental, através de questionários online, e os resultados indicam que cerca de 74 por cento consideram que a casa onde vivem é fria no inverno, 25 por cento dizem que é quente no verão e só um por cento da população inquirida considera as respetivas casas termicamente confortáveis.

Dos 74 por cento que consideram viver numa casa fria, 35 por cento dizem colmatar as necessidades de aquecimento usando mais roupa e mais equipamentos eletrónicos, 21 por cento recorrem apenas a mais equipamento e 20 por cento usam mais roupa.

Destes 74 por cento, 21 por cento afirmam ainda que os gastos de energia para melhorar as condições térmicas nas habitações aumentam quase o dobro e cerca de 24 por cento referem ter pessoas em casa com prolemas de saúde devido à falta de conforto térmico.

”Convém que os decisores governamentais e os municípios estudem mais detalhadamente estas influências, para perceber o que se pode fazer para evitar problemas graves de desconforto térmico, já que de acordo com a classificação climática de Köppen Portugal é um dos países europeus mais amenos: a temperatura média anual em Portugal continental varia dos 4°C no interior norte montanhoso até 18°C no sul, na bacia do Guadiana”, afirma Aline Guerreiro, responsável do Grupo de Trabalho sobre Construção Sustentável da Quercus, citada num comunicado desta estrutura ambientalista.
Frio é causa de morte em Portugal
“Ora, se não há frio excessivo na rua, onde morrem os portugueses de frio? Em casa, na sua cama, vestidos e enrolados em cobertores. De facto uma fatia de apenas um por cento dos inquiridos considera habitar numa casa confortável. E a sua maioria recorre a mais roupa e mais equipamentos para colmatar as necessidades de aquecimento", afirma a mesma responsável.

Apesar de Portugal ser dos países europeus com condições mais favoráveis à poupança de energia, mesmo no inverno, é o quarto país com a eletricidade mais cara na Europa. Segundo o relatório de análise dos inquéritos, considerando a média europeia, os portugueses “pagaram por cada 100 kWh consumido mais 3,10 euros”.

Ainds segundo comunicado da Quercus, na época de 2014/2015 registou-se um número maior de mortes do que o esperado depois da época gripal de 1998/1999 e, apesar da reabilitação energética de edifícios em Portugal, entre 2012 e 2015, registou-se a segunda maior descida na evolução das políticas de eficiência energética na União Europeia.

No mesmo inquérito concluiu-se que, dos 74 por cento que dizem viver numa casa fria, 37 por cento dizem não ter qualquer isolamento e 35 por cento não sabem se a casa tem isolamento, sendo que a maioria habita em residências construídas entre 1980 e 2004, com vidros duplos nas janelas mas sem caixilharias com rutura térmica, anulando a eficiência do vidro.

Em conclusão, o relatório reforça que a energia mais barata é a menos usada e necessária e “que a eficiência energética, além de uma necessidade evidente, é uma obrigatoriedade”, apelando à reabilitação sustentável dos edifícios em Portugal.
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