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Buscas à sede do PSD terminaram durante a madrugada

por RTP
José Coelho - Lusa

Na quarta-feira foram mobilizados cerca de 100 inspetores e peritos para buscas na casa do ex-presidente do partido, Rui Rio, e na São Caetano à Lapa, por suspeitas dos crimes de peculato e abuso de poderes.

Já passava das 3h45 quando os últimos quatro inspetores da Polícias Judiciária saíram das instalações da sede nacional do PSD – um dos 20 locais alvo de buscas durante o dia de quarta-feira.

Em causa estarão suspeitas de um alegado uso indevido de dinheiros públicos, através de verbas da Assembleia da República definidas para a assessoria dos grupos parlamentares e que seriam utilizadas para pagar funcionários do partido que não trabalhariam no parlamento.

O Ministério Público suspeita, portanto, de que a direção de Rui Rio usou dinheiro público em 2018 para pagar salários de 11 funcionários do PSD, o que justificou as 14 buscas domiciliárias e cinco a instalações do partido. As casas do antigo dirigente político e de Hugo Carneiro, agora deputado do PSD, foram também alvo de buscas por parte dos inspetores e peritos informáticos.

Rui Rio não nega as alegadas práticas dentro do PSD e defende que “os pagamentos não são ilícitos”.

“Isto são os partidos todos, porquê o PSD?”, questionou.

Em declarações aos jornalistas, Rui Rio desvalorizou a suspeitas, considerando que são apenas para "produzir uma notícia" e disse que nem entendia de quê que a PJ andou à procura, confirmando que não foi constituído arguido.

"Se alguma coisa aconteceu no meu tempo foi uma reforma no sentido de moralizar ao máximo tudo isto, que não é que estivesse mal, mas moralizar, pôr direito", afirmou.

Segundo Rui Rio, o objetivo é afetar a sua imagem, embora garante que está fora da política e não pretende voltar.

"Tudo isto é para afetar a minha a imagem, se afeta ou não, não sei, tenho 30 anos de vida pública, as pessoas já me conhecem", disse ainda. "Eu estou tão sossegado, para que é que me vêm picar?".
"Toda a colaboração"

Mais tarde, voltando a ironizar com a situação, o antigo presidente social-democrata escreveu no Twitter que, numas próximas buscas, a "fachada do prédio" estará "mais apresentável".


Já Hugo Carneiro foi secretário-geral adjunto do PSD e é um dos alvos, uma vez que foi responsável pelas contas do partido durante a liderança de Rui Rio, tendo sido nomeado mandatário financeiro nacional das eleições autárquicas de 2021.

O caso não é recente. Em julho de 2020, a revista Sábado noticiou um processo constituído no Ministério Público sobre esta prática a partir de denúncias internas no PSD.

Entretanto, em comunicado, o PSD assegurou que “prestará toda a colaboração” à justiça, informando que, segundo as autoridades, a investigação abrange o período de 2018 a 2021, anos em que Rui Rio era presidente do partido.
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