Dezenas de bruxas vão invadir e assombrar Montalegre durante a noite na próxima sexta-feira, dia 13, procurando, assim, recriar uma tradição antiga naquele concelho e reunir centenas de pessoas no centro histórico, anunciou hoje fonte da autarquia.
Segundo a fonte, as noites das bruxas, realizadas nas "sextas- feiras 13", transformaram-se já em serões singulares com raízes na agenda cultural e tradicional de Montalegre.
O evento tem como personagem principal o "Dom Bruxo", Padre Fontes, conhecido pelos congressos de medicina popular de Vilar de Perdizes.
Assim, na próxima sexta-feira vai decorrer, a partir das 20:00, a "invasão de bruxas nos restaurantes malfadados da vila e arredores", enquanto um grupo de "filhos de Belzebu" conta histórias aterradoras e "mulheres sacrílegas" lançam feitiços aos comensais.
"Presunto fumado nas lareiras do Inferno", "caldo de urtigas", "pão centeio que o diabo amassou cozido no forno do povo", "vitela do Barroso abençoada com batata com murro de bruxa e arroz de feitiços", "borra negra", "vinho de uva" e "levanta o pau do diabo" são iguarias que alguns restaurantes de Montalegre vão servir nessa noite.
Esperam-se dezenas de bruxas e de outros seres que, deambulando pela noite após o jantar, vão concentrar-se no centro histórico de Montalegre para festejar mais uma noite de azar.
O padre Fontes já disse que "esta é uma festa para acabar com as superstições", pretendendo juntar as pessoas "à volta de um tema que não é habitual e sobre o qual todos têm receio, suspeitas ou medo".
"É também uma oportunidade de recriar o passado, com as suas culturas, lendas e medos e colocar os mais jovens em contacto com esse passado", frisou.
Cerca das 23:00 terá início o espectáculo no castelo da vila, com "mulheres endemoniadas a lançar-se das torres com as asas flamejantes", uma actuação do grupo musical Viv`Arte e Vádefolla e a projecção de pedaços de filmes de terror.
Por volta da meia-noite, o "Dom Bruxo" vai cozinhar a queimada da "mistela abençoada", que é acompanhada por uma ladainha que historicamente simboliza a "invocação de tudo quanto é mal, mal que depois arde dentro da caldeira da queimada num calor que se assemelha ao do inferno".
"Sapos e bruxos, mouchos e crujas, demonhos, trasgos e dianhos" são os primeiros a ser invocados pela ladainha do padre Fontes, que, depois de preparar a queimada com aguardente, limão e açúcar, a vai dar a beber a todos os presentes.
"Para quem acredita, a queimada pode livrar todos os males de embruxamentos, feitiços e maus-olhados", explicou o sacerdote.
As queimadas também se faziam nas aldeias, nas noites frias de Inverno, para curar as pessoas dos resfriados, constipações e até dores de garganta.
A noite acaba com a queima das bruxas através do "Fogo do Diabo" e um espectáculo circense de fogo e pirotecnia.