A UNESCO declarou os bonecos de Estremoz como Património Cultural Imaterial da Humanidade. A decisão foi conhecida na última madrugada, na Ilha de Jeju, na Coreia do Sul.
Esta candidatura foi distinguida na 12ª Reunião do Comité Intergovernamental da UNESCO, como relata o jornalista Paulo Nobre.
Com mais de uma centena de figuras diferentes inventariadas, a arte, a que se dedicam vários artesãos do concelho, consiste na modelação de uma figura em barro cozido, policromado e efetuada manualmente, segundo uma técnica com origem pelo menos no século XVII.
“Vitória para Portugal”
O presidente da Turismo do Alentejo, António Ceia da Silva, considera que esta classificação é uma vitória para Estremoz, para a região alentejana e também para Portugal.
O presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo destaca a forma como aquele organismo tem reconhecido nos últimos anos as candidaturas portuguesas.
"Houve dossiês aqui muito complexos e discutidos. O dossiê de Estremoz demorou dois ou três minutos. Isto revela bem aquele que é o reconhecimento da UNESCO pelo trabalho que se faz em Portugal", enalteceu.
A Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo está já a trabalhar num projeto denominado por "Rotas do património cultural imaterial", projeto que deverá estar concluído no final de 2018.
Felicidade e emoção
O presidente do município de Estremoz, Luís Mourinha, afirma estar "muito feliz” com a decisão da UNESCO.
"No fundo é um momento grande da história de Estremoz em termos da sua classificação, das suas gentes, porque o figurado de barro representa tudo o que é o trabalho, tudo o que é a dificuldade dos alentejanos e dos estremocenses em particular", disse o autarca à agência Lusa.
De acordo com Luís Mourinha, a UNESCO valorizou os "Bonecos de Estremoz", uma arte popular em barro com mais de três séculos, pela "visão do artista, do artesão sobre a sua envolvência".
A candidatura teve como responsável técnico o diretor do Museu Municipal de Estremoz, Hugo Guerreiro, que, em declarações à Lusa, mostrou-se "emocionado" com a distinção.
"Correu tudo como estávamos à espera, sem comentários dos participantes na reunião, foi tudo aprovado de forma rápida. Estamos muito contentes, abrimos também a porta ao resto do figurado no mundo para que, de facto, seja valorizado pelas suas comunidades e pelos seus países", disse.
Hugo Guerreiro recordou que esta vitória resulta de um trabalho "muito árduo" nos últimos cinco anos.
"Estou muito contente pelos artesãos, recordo muito a minha família, o meu antigo diretor do Museu Municipal de Estremoz, Joaquim Vermelho, um grande amante do boneco de Estremoz e que e passou esta paixão. É um momento para recordar para o resto da vida", acrescentou.
“Homenagem a quem ensinou”
Emocionada com a distinção da UNESCO, a artesã Perpétua Sousa, que produz "Bonecos de Estremoz" há 43 anos, homenageou todos aqueles que já trabalharam em redor da "Produção de Figurado em Barro de Estremoz".
"Esta é uma homenagem também para quem nos ensinou a trabalhar, Sabina Santos. A partir de agora temos uma responsabilidade acrescida e acreditamos que a procura de interessados em comprar estas figuras vai aumentar", disse.
c/ Lusa