O verão acabou, mas os incêndios continuam. Esta segunda-feira, mais de 1.500 bombeiros combatem as chamas. O fogo de Pampilhosa da Serra/Arganil é o que mais meios mobiliza. Esta nova vaga de incêndios chega já depois do fim da fase Charlie, período em que mais meios estão mobilizados. A Liga dos Bombeiros Portugueses critica as autoridades por terem reduzido os meios disponíveis apesar de as condições se manterem críticas.
Dá-se assim por terminada a fase Charlie e entra-se na fase Delta – que decorre até 31 de outubro. Os meios são reduzidos para menos de metade. Durante a fase Charlie estiveram envolvidos 9.740 operacionais e 2.065 viaturas, apoiadas por 48 meios aéreos e 236 postos de vigia da responsabilidade da GNR. Com a entrada da fase Delta estão mobilizados 5.518 elementos e até 1.307 veículos.
Nesta fase os meios aéreos são 22 até 5 de outubro, 18 até 15 de outubro, e dois até 31 de outubro, podendo ser reforçado até um máximo de oito, sendo seis da frota do Estado. Durante a fase Charlie, as autoridades tinham 48 meios aéreos mobilizados.
Perante o regresso dos incêndios no último fim de semana, as críticas não se fizeram esperar. O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses fala mesmo numa “irresponsabilidade tremenda” pelas autoridades não terem prevenido esta situação.
“Sabendo-se que iam continuar as temperaturas como estão, com uma severidade como todos nós sabemos. Hoje, o combustível está muito mais inflamável do que estava em agosto ou julho. Sabendo o que isto podia vir a trazer, devia-se ter prevenido. Como diz o povo, antes da casa roubada, trancas nas portas”, afirmou Jaime Marta Soares ouvido pela TSF.
Uma primeira crítica tinha sido feita ainda no domingo. Na apresentação da sua recandidatura à presidência da liga, Marta Soares tinha acusado as autoridades de proteção civil de terem reduzido os meios de combate aos incêndios quando se antecipava um mês de risco.
Ainda antes desta nova vaga de incêndios, a Liga dos Bombeiros Portugueses tinha alertado para o risco da desmobilização de meios apesar das temperaturas continuarem altas. Numa nota enviada à comunicação social a 1 de outubro, a liga denunciava uma redução de meios que chegava aos 85 por cento em alguns distritos.
Segundo a LBP, a continuação de temperaturas elevadas e os "níveis de risco significativo" aconselhavam a que a diminuição de meios de combate não excedesse os 40 por cento.
Falta de meios sentida no terreno
A falta de meios denunciada por Jaime Marta Soares é sentida por quem está no terreno, a combater as chamas. O incêndio de Pampilhosa da Serra – que depois alargou a Arganil – é aquele que mais meios mobiliza esta manhã. Mais de 600 operacionais continuam no terreno.
“Nós consideramos que os meios envolvidos são insuficientes. Com mais meios – quer terrestres como aéreos – seria possível resolver este incêndio mais rapidamente”, afirma o autarca de Arganil à Antena 1.
Também à rádio pública, o presidente da Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra denuncia que “muitos dos bombeiros que têm combatido este incêndio não têm sido substituídos e estão exaustos”. “Os meios terrestres e aéreos não são aqueles que desejávamos. Tudo está difícil”, desabafa.
Temperaturas altas vão continuar
Os distritos de Coimbra e Santarém, que estão a ser afetados por incêndios, vão continuar esta segunda-feira com temperaturas acima dos 30 graus Celsius, disse à agência Lusa a meteorologista Patrícia Gomes. O combate às chamas deverá ainda ser dificultado pelos baixos níveis de humidade relativa.
Por causa das temperaturas elevadas, o IPMA colocou em risco máximo de incêndio mais de 70 concelhos dos distritos de Faro, Beja, Portalegre, Leiria, Santarém, Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Viseu, Aveiro, Porto, Braga, Vila Real e Bragança.
Na última noite, os fogos que mais mobilizaram foram os de Pampilhosa da Serra/Arganil e Ourém. O incêndio de Ourém encontra-se já dominado, segundo a informação disponibilizada no site da Proteção Civil. Mais de 200 operacionais e 70 viaturas permanecem no local.
O fogo de Pampilhosa da Serra/Arganil permanece por controlar desde sexta-feira. Mais de 600 operacionais, apoiados por cerca de 200 meios terrestres combatem as chamas nestas localidades do distrito de Coimbra.