"Bisontes" da Esquadra 501 comemoram 30º aniversário aos comandos dos C-130

por © 2007 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

A Esquadra 501 da Força Aérea Portuguesa, conhecida como os "Bisontes", comemora no dia 15 de Setembro 30 anos de actividade, ao logo dos quais transportou mais de 71 mil toneladas de carga e cerca de 900 mil passageiros.

Os Bisontes, que se regem pelo lema "Onde necessário, quando necessário para servir abnegadamente Portugal" e que foi condecorada em 1995 pelo presidente da República Mário Soares, tem como principal missão o transporte aero-táctico.

"A missão primária são as operações de transporte aero-táctico [operações aero-transportadas, apoio logístico, evacuação sanitária ou missões especiais], mas também pode desempenhar missões secundárias de busca e salvamento ou de transporte aéreo geral", disse o comandante Azevedo Santos, responsável máximo pela esquadra.

A Esquadra conta actualmente com 110 elementos, dos quais 60 pertencem à esquadra de voo e tem ao seu dispor 6 Hércules C-130, três do modelo curto e três do modelo longo, situados na Base Aérea do Montijo, assim como a esquadra.

O C-130 pesa cerca de 39 mil quilos e tem uma envergadura de 42 metros, podendo voar até 33 mil pés e com capacidade para levar 92 passageiros e mais de 2 mil quilos de carga.

O avião, cuja construção remonta a 1958, chegou a Portugal em 1977, depois do final da guerra colonial, e serve desde então, sem que tenha acontecido qualquer acidente, para alguns transportes que não são do conhecimento do público em geral.

"Recolhemos as notas para o banco de Portugal, que têm um período de vida curto, transportamos pessoal militar para os Açores e Porto Santo semanalmente e trazemos presos dos Açores para o continente, as vezes até pode ser só um, mas estes não vêm nos voos comercias e nós vamos buscá-los, como aconteceu recentemente", afirmou o comandante.

Azevedo Santos acrescentou que o C-130 tem uma capacidade fabulosa e que pode ser utilizado para diversas missões, tendo condições para aterrar em pistas com "boas ou más condições".

Os Bisontes, nome que foi escolhido depois do curso dos C-130 nos Estados Unidos pois existe a tradição de qualquer esquadra ter um nome de um animal e no local existiam muitos bisontes, já participou em diversos eventos internacionais, entre eles o Volante Rodeo, nos EUA, onde foi considerada em 1986 como a melhor equipa internacional.

A ultima missão internacional da Esquadra 501 foi a Cabul, onde deu apoio às tropas que estão no local, algo que acontece com regularidade, mas no currículo da esquadra existem já missões em São Tome e Príncipe, Golfo Pérsico, Zaire, Angola, Ruanda, Kosovo, Timor, Paquistão, Afeganistão, Argélia, Congo ou Líbano.

Os treinos com os paraquedistas, rangers ou fuzileiros são normais, numa acção que visa preparar a tripulação para eventuais acções reais que possa ter que vir a desempenhar.

"Uma largada real nunca foi feita porque não houve necessidade, é sempre preferível aterrar. Chegámos a ter uma missão marcada para o Zaire mas por diversas razões acabou por não se concretizar. No entanto, praticamos na zona de Estremoz lançamento de paraquedistas a alta altitude, que saltam a 60 quilómetros do objectivo", referiu.

A Esquadra 501 deixou de prestar auxílio a incêndios florestais em 1995, pois o sistema estava obsoleto e foram dadas ordens nesse sentido, depois da entrada em funcionamento do avião P-3P, que passou a desempenhar funções nas operações de patrulhamento marítimo.

No dia de hoje foi feito um treino de lançamento de carga sobre a Base Aérea do Montijo, para que no sábado, dia do aniversário, sejam lançados do C-130 cerca de 130 relógios da Esquadra 501.

"Num lançamento temos que ter em conta o vento, os paraquedas, a velocidade do avião e o peso da carga para atingirmos determinado objectivo. Normalmente, por razões de segurança, não se faz este treino no Montijo, mas sim em Tancos, Arrepiado ou campo de Tiro de Alcochete, mas assumimos o risco e a responsabilidade", disse Azevedo Santos.

No treino de hoje, os jornalistas puderam subir a bordo do Hércules C-130 comandado por José Faulha e acompanhar in-loco toda a preparação e lançamento da carga sobre a Base Área do Montijo, num voo de cerca de 30 minutos.

A alteração do vento levou a que o alvo fosse falhado por 50 metros, algo que é positivo tendo em conta a altitude e que foi lançada a carga, mas que não deixou os Bisontes satisfeitos, que no sábado querem conseguir melhor.

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