O airbus da Alitalia com Bento XVI e a sua comitiva aterrou esta manhã no aeroporto militar de Figo Maduro, em Lisboa, onde o Papa inicia a sua visita a Portugal. Até sexta-feira, Bento VXI estará na capital, em Fátima e no Porto. A comitiva foi recebida pelo Presidente Cavaco Silva, seguindo-se um breve cumprimento ao cardeal-patriarca de Lisboa, José Policarpo.
"A viragem republicana, operada há cem anos, abriu na distinção entre a Igreja e o Estado, um espaço novo de liberdade para a Igreja", declarou o Papa.
Bento XVI evocou as Concordatas de 1940 e 2004, afirmando que "a Igreja está aberta a colaborar com quem não marginaliza nem privatiza a essencial consideração do sentido humano da vida. De uma visão sábia sobre a vida e sobre o mundo deriva o ordenamento justo da sociedade", sublinhou.
"Só agora me foi possível aceder aos amáveis convites do senhor Presidente e dos meus irmãos bispos para visitar esta amada e antiga Nação, que comemora no corrente ano um século da proclamação da República", afirmou Bento XVI, agradecendo o acolhimento recebido no aeroporto de Figo Maduro.
"Venho como peregrino de Nossa Senhora de Fátima, investido pelo alto na missão de confirmar os meus irmãos que avançam na sua peregrinação a caminho do céu", acrescentou.
"Que depois, há 93 anos, o céu se abrisse precisamente sobre Portugal - como uma janela de esperança que Deus abre quando o homem lhe fecha a porta, para reatar, no seio da família humana, os laços da solidariedade fraterna assente no mútuo reconhecimento de um só e mesmo Pai, trata-se de um amoroso desígnio de Deus; não dependeu do Papa nem de qualquer outra autoridade eclesial: 'Não foi a Igreja que impôs Fátima - diria o cardeal Manuel Cerejeira, de venerada memória -, mas Fátima que se impôs à Igreja'", afirmou.
Cavaco Silva saudou Bento XVI com "júbilo"O Presidente da República recebeu o Papa no aeroporto de Figo Maduro, saudando com "profundo júbilo" a chegada de Bento XVI a Portugal, um país "livre e plural" que o recebe "em tempos de incerteza" e que precisa de "quem traga uma mensagem de esperança".
"É com profundo júbilo que, em meu nome e em nome de todo o povo português, dou as boas vindas a Vossa Santidade, no início de uma visita plena de significado para Portugal", afirmou Cavaco Silva, no aeroporto, minutos depois de o avião que transportou Bento XVI ter aterrado.
Sublinhando a hospitalidade do povo português, Cavaco Silva disse que a esse sentimento os fiéis juntam uma "profunda alegria e intenso fervor" por receber Bento XVI num país "livre e plural", que se rege pelos princípios da dignidade da pessoa humana, da justiça e da paz.
"Um país onde a separação entre a Igreja e o Estado convive com as marcas profundas da herança cristã presente na cultura, no património e, acima de tudo, nos valores humanistas que determinam o nosso modo de ser e de estar no Mundo", sublinhou o Presidente da República.
Um modo de ser e de estar, acrescentou Cavaco Silva, que se revê na procura do "diálogo com outros credos e com o mundo da cultura" e que, depois de noutros tempos ter contribuído para a expansão da fé cristã, abriu o mundo ao diálogo universal.
"Somos, por isso, um povo vocacionado para o reconhecimento do valor da diversidade", declarou, considerando que esta é uma atitude particularmente adequada num tempo em que "se reclama um entendimento entre o discurso da razão e o discurso da fé".
"Nestes momentos, os homens precisam de quem traga uma mensagem de esperança à sua sede de justiça e de solidariedade", referiu Cavaco, enfatizando a necessidade de solidariedade entre nações e entre pessoas, "em particular quando se fazem sentir, tantas vezes de forma brutal e injusta, os efeitos de uma crise económica de dimensões globais".
"Os portugueses vão escutar-vos", disse o chefe de Estado.
Bento XVI em Portugal até sexta-feira
O Papa Bento XVI inicia esta terça-feira uma visita a Portugal que termina a 14 de Maio. Entre as cidades do roteiro do chefe da Igreja de Roma estão Lisboa, Fátima e Porto.
A comitiva oficial de Bento XVI é composta por 29 pessoas, incluindo o secretário de Estado do Vaticano, Tarcisio Bertone, o secretário pessoal do Papa, Georg Gaenswein, o cardeal Saraiva Martins e o arcebispo Manuel Monteiro de Castro, secretário da Congregação dos Bispos, além do padre António Ferreira da Costa, com funções no Vaticano.
