BE pede esclarecimentos sobre eliminação de capítulo sobre extrema-direita do RASI
O Bloco de Esquerda pediu hoje esclarecimentos ao Governo para saber por que razão desapareceu da versão final do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), publicada esta terça-feira, o capítulo dedicado a organizações extremistas.
De acordo com o documento a que a Lusa teve acesso, o partido liderado por Mariana Mortágua quer saber qual o motivo pela qual a versão que terá sido apresentada na reunião do Conselho Superior de Segurança Interna, na segunda-feira, é diferente da versão que foi enviada para o parlamento.
No documento do RASI enviado esta terça-feira para o parlamento, e disponível `online` na página do Governo, não constam as páginas 35 a 39 que estavam na versão inicial, referentes ao capítulo "extremismos e ameaças híbridas", e que alertavam para a existência de uma representação de uma organização extremista internacional em Portugal, classificada em vários países como organização terrorista.
De acordo com a versão preliminar, não existe em Portugal nenhuma organização de extrema-direita classificada como terrorista, apesar de existir um braço de uma organização extremista internacional que é classificada como terrorista noutros países. Sem especificar qual é a organização em questão, esta versão do RASI apontava para a existência deste ramo de uma organização extremista em Portugal, que já foi alvo de sanções financeiras em vários países por financiamento de terrorismo.
Esta organização, acrescentava o relatório preliminar, promove encontros através de eventos musicais, incluindo em território nacional, e que funcionam como método de recrutamento de militantes e como forma de financiamento para produção de material de propaganda, por exemplo.
Esta informação não está na versão final e o Bloco de Esquerda considera que a alteração "suscita dúvidas fundadas sobre a razão por detrás desta alteração, pelo que se impõe um cabal esclarecimento". O partido quer saber "quem ordenou a eliminação" desta parte do RASI e se o Governo considera enviar ao parlamento uma nova versão em que seja incluída a informação presente no documento preliminar.
Habitualmente, o RASI é apresentado depois da reunião do Conselho Superior de Segurança Interna pelo secretário-geral do Sistema de Segurança Interna, juntamente com os ministros da Administração Interna e Justiça, o que não aconteceu este ano. Esta segunda-feira, foi o primeiro-ministro, Luís Montenegro, quem falou durante a conferência de imprensa, sem revelar o documento final e tendo respondido apenas a uma pergunta dos jornalistas.