O deputado do Bloco de Esquerda (BE) na Assembleia Municipal do Porto, José Castro, acusou hoje o presidente da Câmara, Rui Rio, de "vandalismo político" por ter ordenado o levantamento dos carris do viaduto do Parque da Cidade.
"Trata-se de um acto de extrema gravidade do ponto de vista económico, já que representa um investimento da ordem dos 500 mil euros, simplesmente para servir um capricho do senhor presidente da Câmara", afirmou o autarca.
Rui Rio justificou a medida pela "inutilidade" dos carris e pela necessidade de preparar o viaduto para a realização do Grande Prémio do Porto, que ali se realizará em Julho próximo.
Os carris foram instalados no viaduto do Parque da Cidade pelo Metro do Porto, quando da sua construção, já que ali estava prevista a passagem da linha que ligará Matosinhos à Rotunda da Boavista, via Avenida da Boavista.
Entretanto, concluiu-se que era inviável a passagem das composições naquela estrutura por insuficiência de largura, pelo que está em estudo, no gabinete de arquitectura de Siza Vieira, a construção de um viaduto paralelo destinado exclusivamente ao metro.
José Castro manifestou ainda a "mais viva condenação" face a actuação de Rui Rio no diferendo sobre o Túnel de Ceuta.
"Com esta actuação, o presidente da Câmara pretende lançar para o Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) o odioso da questão do Túnel de Ceuta, para esconder as suas próprias responsabilidades e a sua incompetência técnica e política", disse o autarca.
O BE defende que o túnel seja terminado junto ao Hospital de Santo António, conforme o projecto original, sem qualquer prolongamento.
"O projecto original foi aprovado pela Assembleia Municipal, mas o prolongamento nunca sequer ali foi apresentado", afirmou.
José Castro sublinhou ainda a singularidade de a Câmara estar a atacar o IPPAR precisamente por este organismo estar a cumprir a função para que foi criado, que é defender o património cultural e artístico.
"Os organismos devem ser criticados quando faltam ao cumprimento das suas funções e não quando as cumprem. Quando isto acontece é porque estamos ante um conceito de democracia muito empobrecido", disse o deputado municipal do BE.
O prolongamento do Túnel de Ceuta até à Rua D. Manuel II foi "chumbado" pelo IPPAR no final da vigência do anterior Governo devido ao impacto geológico e ambiental da saída do túnel próximo do Museu Nacional Soares dos Reis.
A pedido da nova ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, a Câmara do Porto suspendeu em 23 de Março as obras naquela rua, onde já foi rasgada a rampa de saída, prosseguindo a empreitada apenas nas imediações do Hospital Santo António.