BE acusa Montenegro de condicionar a atividade jornalística e de "conviver mal com o escrutínio"

por RTP

O líder parlamentar do BE exigiu que o primeiro-ministro se retrate das declarações que fez sobre os jornalistas, acusando-o de ter tentado condicionar a atividade jornalística e de "conviver mal com o escrutínio".

O deputado do Bloco de Esquerda começou por fazer um comentário sobre as declarações do primeiro-ministro, esta terça-feira de manhã, porque "não são irrelevantes".

"O jornalismo tem o dever de informar, pode incomodar intervenientes políticos para cumprir esse dever, tem o dever de escrutínio, isso pode incomodar o poder político", afirmou Fabian Figueiredo. "Nós convivemos sempre muito bem com essa inquietação jornalística, esse compromisso com a verdade, que está intimamente ligado ao regime democrático".

O BE lamenta que "o primeiro-ministro conviva mal com o escrutínio jornalístico, com perguntas que lhe possam ser incómodas".

Na vida pública, disse ainda o deputado, "ouve-se o que se quer e o que não se quer, mas sobretudo respeita-se a liberdade dos jornalistas de fazerem as perguntas que acham que devem fazer".

"A liberdade de expressão é isso mesmo: é conviver com a liberdade dos jornalistas; dos jornalistas nos perguntarem o que quiserem em cada momento. É assim a democracia".

"O primeiro-ministro deve, por isso, retratar-se", declarou Fabian Figueiredo.

Recordando que a liberdade de imprensa está a sofrer um recuo em outros países, o Bloco de Esquerda admitiu que vê "com muita preocupação que o primeiro-ministro, numa conferência sobre jornalismo, decida atacar, tentar condicionar a atividade dos jornalistas". O que, segundo o bloquista, "deve merecer uma reflexão (...) e um retratamento por parte do primeiro-ministro".

"Não podemos normalizar que um chefe de Governo ataque desta forma atividade jornalística.

Sobre o plano apresentado pelo Governo, o BE manifestou "muita preocupação quanto aos planos para a RTP", recordando que a "última vez a direita esteve no poder tentou privatizar a RTP". E agora "apresentou um plano que tira sustentabilidade financeira" à estação pública.

Esta medida, segundo o Bloco, visa "enfraquecer o papel que a RTP tem, que é um papel essencial de serviço público, de promoção da coesão territorial".

"Enfraquecer a RTP é enfraquecer o serviço público e a democracia".
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