BDS Portugal interrompe concerto dos israelitas Jerusalem Quartet

por RTP
Imagem de uma intervenção BDS no Reino Unido DR

Os activistas pró-palestinianos portugueses do BDS (movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções) interromperam esta tarde o concerto do grupo israelita Jerusalem Quartet, que voltava a apresentar-se na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Ao som dos slogans “Palestina vencerá" e "Boicote a Israel”, os activistas chamaram a atenção da sala para o que consideram ser a colaboração dos músicos com um Estado israelita que prossegue “a colonização do território da Palestina”, “rouba as terras” e “destrói casas e infraestruturas” e promove a “expulsão de centenas de milhares de palestinianos” da sua terra. “Ser embaixador de Israel implica ser cúmplice assumido dos seus crimes de guerra”, acusa o BDS Portugal.

Esta tarde, o Jerusalem Quartet regressava a Portugal para nova apresentação na mítica sala da Gulbenkian, quando activistas pró-Palestina do BDS interromperam o concerto com palavras em favor de uma nova ordem para os territórios ocupados da Palestina.

Não é a primeira vez que o quarteto enfrenta os protestos em audiências no estrangeiro. E a razão não está ligada aos dotes técnicos e artísticos dos músicos, mas antes às suas convicções enquanto grupo representante de Israel e das políticas israelitas.

Por todo o mundo são comuns os apelos ao boicote de apresentações do Jerusalem Quartet: aconteceu em Londres, a 24 de Abril deste ano ou a 29 de Março de 2010, quando activistas pró-Palestina interromperam os seus concertos. O mesmo sucedeu também em Brighton, a 8 de Maio de 2012.
 BDS
Ser embaixador de Israel significa apoiar a colonização crescente do território da Palestina; significa justificar o roubo de terras, a destruição de casas e de infraestruturas, a expulsão de centenas de milhares de palestinianos e um regime de apartheid para os que ainda não foram expulsos. Ser embaixador de Israel implica ser cúmplice assumido dos seus crimes de guerra.

Já em 2013, aquando do concerto agendado para a Gulbenkian, em Lisboa, um grupo de activistas interrompeu o espectáculo que decorria na fundação. O movimento BDS em Portugal acusou o Jerusalem Quartet de ser constituído por “soldados israelitas que tocam regularmente para o exército israelita. Pelo mundo inteiro os seus concertos são interrompidos, boicotados e criticados por activistas que vêem nas suas actuações uma forma de branquear a imagem do Estado de Israel”.

Num comunicado de início de Novembro, em que apela ao boicote deste evento, o BDS português aponta o dedo aos músicos: ”Depois de terem servido o exército de ocupação israelita, os seus membros mantêm o estatuto oficial de ‘Destacados Músicos do Exército’”.

O movimento lembra ainda as palavras de Kyril Zlotnikov, um dos elementos do quarteto: “Dizem que somos os melhores embaixadores de Israel e nós estamos felizes por isso”.

Para o BDS, as actuações do quarteto vão para além da música, sendo a “tentativa de perpetuar uma imagem de superioridade intelectual, de pacifismo e erudição” que é “central para a máquina de propaganda de um Estado de Israel que entretanto continua a limpeza étnica lenta e agonizante do povo palestiniano”.Crítica à Fundação Gulbenkian
“A Fundação Gulbenkian deveria ser particularmente sensível a estes factos, pois é legatária da estreita relação que Calouste Gulbenkian mantinha, e que a Fundação ainda mantém, com a comunidade arménia refugiada na Palestina, ela também fugida de um genocídio e, mais tarde, também vítima da colonização israelita. Fiel a esse espírito de solidariedade, a Fundação Calouste Gulbenkian apoiou nos anos 60 e 70, com generosos donativos, as populações palestinianas expulsas pelas guerras de expansão de Israel”, lamenta o BDS Portugal.

As razões para a contestação de que vem sendo alvo nada têm portanto a ver com a qualidade técnica dos quatro músicos - um deles nascido nos Estados Unidos e os restantes nas antigas repúblicas soviéticas - ou com a escolha de repertório. O problema associado ao Jerusalem Quartet surge assim face ao posicionamento ideológico do grupo, que se vê como um representante orgulhoso do estado de Israel e um apoiante das políticas do seu país.
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