"Banalizadas" e a "escutar às portas". Maria José Fernandes critica uso de escutas

por Oriana Barcelos - Antena 1

Foto: Pedro A. Pina - RTP

A Procuradora-Geral Adjunta, Maria José Fernandes, acredita que a utilização de escutas está a ser "banalizada e usada em excesso".

Considerando que o seu uso deveria ser excecional, em declarações à Antena 1, Maria José Fernandes mostra-se preocupada com a divulgação parcial de processos judiciais, como a Operação Influencer, e da forma como são obtidas as provas.

"Escutas de cinco anos ou de tanto tempo, conversas entre governantes, já me parece escutar às portas. Não me parece francamente que seja uma solução processual de recolha de prova", critica.
Na opinião da Maria José Fernandes, é preciso perceber o que motiva as fugas de informação, "o que há por detrás e se há outros interesses", referindo-se à divulgação pela CNN Portugal de escutas entre o ex-ministro das Infraestruturas, João Galamba, e o antigo primeiro-ministro, António Costa, que terá ordenado demitir a presidente executiva da TAP na sequência do caso Alexandra Reis.

Questionada sobre o Manifesto dos 50, que pediu explicações à Procuradoria-Geral da República e que diz que este escrutínio parece político, a procuradora jubilada concorda. 

"Se não é, parece", diz Maria José Fernandes, que aponta também que "os cidadãos que assinam o manifesto mostram que estão preocuapdos com os direitos fundamentais e a correção dos modos de investigação", concluindo que eles "estão bem e estão certos".

Em janeiro, o Conselho Superior de Magistratura abriu um processo disciplinar à procuradora Maria José Fernandes. Dois meses antes, sem referir-se à Operação Influencer, escreveu um artigo de opinião no jornal Público, em que questionava as formas de trabalho e de investigação do Ministério Público. 

Repetiu essa posição numa entrevista à Antena 1 também em novembro do ano passado.

com Gonçalo Costa Martins - Antena 1
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