Bairro do Zambujal. Um detido por posse de material combustível

por RTP
Foto: Miguel A. Lopes - Lusa

Os desacatos das últimas horas no Bairro do Zambujal, na Amadora, levaram a uma detenção por posse de material combustível. No balanço da situação ao início da noite desta terça-feira, o superintendente da PSP, Manuel Gonçalves, confirmou que há registo de um segundo autocarro que ardeu na Portela de Carnaxide.

Durante a tarde de terça-feira, um autocarro da Carris foi furtado e depois incendiado no Bairro do Zambujal. Este agravar da situação levou mesmo a um cerco policial para manutenção da ordem naquele local.

De acordo com Manuel Gonçalves, superintendente da PSP, chefe da área operacional do comando metropolitano de Lisboa, a situação está "devidamente controlada" no local onde ardeu o segundo autocarro e não há registo de feridos.

Questionado sobre a relação deste segundo incidente na Portela de Carnaxide com os acontecimentos no Bairro do Zambujal, o responsável afirma que "tudo indica" que os eventos estão relacionados, mas reconhece que as autoridades ainda não o podem "dizer com segurança".

Quanto ao detido no Bairro do Zambujal, o responsável da PSP revelou aos jornalistas que o indivíduo em causa "tinha consigo objetos que indiciavam que ia cometer um crime".
O suspeito tinha consigo material combustível. "Foi abordado e em função do ambiente em que ele estava, procedemos à sua detenção". explicou o superintendente.

De acordo com o responsável, a situação no bairro estava "tranquila" pelas 22h00 de terça-feira. Questionado pela RTP, o superintendente não confirmou a deslocação da polícia a casa da companheira do homem baleado por um agente da PSP na segunda-feira.

O superintendente da PSP denunciou ainda que há registo de "várias comunicações falsas" no concelho e arredores. "Não entrem em brincadeiras, não desviem a atividade da polícia", apelou.

Em relação aos dois agentes envolvidos no incidente de segunda-feira, que provocou a morte de um cidadão, o superintendente Manuel Gonçalves indicou que ambos estão a receber apoio psicológico e que estão afastados do trabalho operacional, ou seja, "não estão no trabalho de rua".
"PSP não tolerará atos de desordem e destruição"
Entretanto, em comunicado enviado às redações sobre a situação no Bairro do Zambujal, a PSP indica que "está empenhada em repor a tranquilidade" e apela "à calma de todos os cidadãos".

"Hoje, lamentavelmente, voltámos a assistir a situações de desordem no interior do Bairro do Zambujal, designadamente a um episódio grave de violência urbana, com a subtração de um autocarro da Carris que, à posteriori, foi incendiado", lê-se no comunicado,

A PSP, que "já se encontrava com um efetivo robustecido no interior do Bairro, acionou o Corpo de Bombeiros da Amadora no sentido extinguir este incêndio, preservando o local do crime para diligências de investigação".

Até ao momento, os suspeitos deste crime não foram intercetados. No entanto, a PSP confirma a detenção efetuada por posse de material combustível "que indiciava a utilização para deflagração de incêndio".

"A PSP repudia e não tolerará os atos de desordem e de destruição praticados por grupos criminosos, apostados em afrontar a autoridade do Estado e em perturbar a segurança da comunidade", conclui ainda o comunicado.

Na origem dos vários incidentes e desacatos das últimas 48 horas está a morte de Odair Moniz, um cidadão de 43 anos que foi baleado por um agente da PSP no bairro da Cova da Moura, na Amadora, durante a madrugada de segunda-feira, 21 de outubro. Acabou por morrer algumas horas depois no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.

Segundo a PSP, o homem terá tentado fugir e depois resistiu à detenção, tentando agredir os agentes "com recurso a uma arma branca". A PSP abriu um inquérito interno para apurar as circunstâncias desta ocorrência e também o Ministério da Administração Interna determinou, na segunda-feira, a abertura de um inquérito urgente.

Já esta terça-feira, o agente que baleou o homem foi constituído arguido pela Polícia Judiciária.

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