O presidente da Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral criticou a existência de apenas 12 unidades especializadas de tratamento da patologia no país e reivindicou a criação de "pelo menos" uma por distrito.
"Não podemos continuar a ter um tratamento de primeira para quem está no litoral e um tratamento de segunda para quem está no interior", referiu Castro Lopes, em Viana do Castelo, no decorrer das jornadas promovidas por aquela sociedade sobre a importância do médico de família no combate ao acidente vascular cerebral.
"O interior está claramente desfavorecido nesta matéria", acrescentou Castro Lopes, defendendo a criação, "no mínimo", de uma unidade de fase aguda de AVC [acidente vascular cerebral] por distrito, mas "não perdendo de vista" a sua implantação também a nível concelhio.
"Não vamos desistir de pressionar o Ministério da Saúde de dotar o país de unidades AVC", garantiu.
Lembrou que se os AVC forem atacados nas primeiras três horas subsequentes à manifestação da patologia "consegue-se, de algum modo, repermeabilizar a artéria entupida", contribuindo assim para salvar vidas ou atenuar os efeitos do acidente.
Por ano, morrem de AVC em Portugal 200 pessoas por cada 100 mil habitantes, o que quer dizer que esta é a principal causa de morte no país.
"São números assustadores", disse Castro Lopes, salientando que Portugal está no top da Europa em matéria de AVC.
Por isso, o especialista salientou a necessidade de explicar à população que o AVC "é uma emergência" e que, em caso de acidente, um doente deve de imediato ligar para o 999, para ser encaminhado para uma unidade de tratamento agudo.
"Oitenta por cento dos AVC são por falta de sangue. Se conseguirmos restabelecer a circulação, podemos salvar vidas", explicou.