Autores apontam censura. Cartaz a denunciar abusos sexuais na igreja retirado pela Câmara de Oeiras
Os abusos sexuais cometidos por membros da Igreja Católica Portuguesa são um assunto que estará a causar incómodo no início da Jornada Mundial da Juventude. Um cartaz a assinalar as mais de quatro mil vítimas apontadas pela comissão independente designada para averiguar as queixas de potenciais vítimas desapareceu em Oeiras pouco após ter sido afixado. A autarquia fala em "publicidade ilegal", leitura rejeitada pelos autores do cartaz, que falam agora em levar o caso para os tribunais.
Cada ponto é uma das 4815 crianças abusadas sexualmente pela ICAR em Portugal. #JMJ pic.twitter.com/oaYAcBFi8N
— Telma Tavares (@tarantelma) July 26, 2023
Os cartazes da Alameda – na jurisdição da Câmara Municipal de Lisboa – e Loures mantêm-se. O cartaz da rotunda de Algés, como se pode ver em relatos na rede social X, foi visitado por elementos da polícia municipal e posteriormente retirado.
Questionada pelo online da RTP sobre a retirada do cartaz da rotunda de Algés, a autarquia de Oeiras responde liminarmente que “no Município de Oeiras toda a publicidade ilegal é retirada, neste e em todos os casos”.
Censura em Algés, após quase 50 anos do 25 de abril.
— Telma Tavares (@tarantelma) August 2, 2023
Luto pela liberdade de expressão das +4800 vítimas, por um memorial que erguemos para que ninguém se esqueça delas. Não esquecemos.#JMJ #WYD pic.twitter.com/hfO6ATA9Wt
Para o movimento, "a retirada do cartaz viola injustificamente o direito à liberdade de expressão", já que "o cartaz não colocou minimamente em causa a realização da JMJ, nem tem um cariz ofensivo".
"Temos o direito de expor o cartaz e iremos lutar por esse direito", conclui o comunicado, onde prometem, "analisar o recurso à via judicial para reagir a esta injustiça, de forma a compensar, dentro do possível, esta forma de censura ilegal por parte da CM de Oeiras".