Aumentou o número de drogas sintéticas nas prisões em Portugal
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Há cada vez mais alertas para a circulação de drogas sintéticas nas prisões em Portugal. No ano passado, chegaram à Polícia Judiciária 80 pedidos para testar a presença dos chamados canabinóides sintéticos, mais conhecidos, na gíria, por K4 ou K2 - um número sete vezes superior em relação ao do ano anterior.
Portugal não é, de todo, caso único. No Brasil, as autoridades de saúde têm alertado para o aumento do consumo das drogas sintéticas como a K2 e a K4 - substâncias que geram dependência muito rapidamente e que podem ter efeitos mais graves do que a cocaína.
O Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional dá conta de uma situação preocupante, que exige uma resposta urgente.
Uma droga como a K4 pode provocar, com alguma frequência, efeitos colaterais graves, refere o presidente do Sindicato, Frederico Morais. Frederico Morais aponta um caminho que considera ser fundamental para pôr fim a este problema. O presidente da Associação Sindical das Chefias do Corpo dos Guardas Prisionais subscreve estas preocupações.
Hermínio Barradas lembra que já houve casos em que reclusos de Coimbra e de Paços de Ferreira tiveram de ir ao hospital, após o consumo de K4. A Antena 1 questionou a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais sobre a entrada de drogas como a K4 nas cadeias portuguesas.
O órgão agora presidido por Orlando Carvalho respondeu por escrito e remeteu informações concretas para o RASI - o Relatório Anual de Segurança Interna de 2024 - que vai ser divulgado no final de março.
Garante, ainda assim, a Direção-Geral que "tem uma constante preocupação e tolerância zero para a circulação de produtos e bens ilícitos em contexto prisional".
A Direção-Geral assegura que existe "um controlo quotidiano e permanente" e que "sempre que é apreendido algum produto, com suspeitas de que possa ser um estupefaciente", é depois "entregue ao órgão de polícia criminal competente" para ser analisado.
João Goulão admite que os hábitos de consumo de estupefacientes mudaram, o que se reflete também nas cadeias, e sublinha que são necessárias medidas para travar a circulação destas drogas com vários perigos associados. O presidente do ICAD explica que estas drogas - os chamados canabinoides sintéticos - não precisam de um consumo prolongado para deixar marca. Nestas declarações de João Goulão à Antena 1, o presidente do ICAD subscreve a sugestão do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional, que defende a proibição da entrada de papel nas cadeias, uma vez que estas drogas chegam, muitas vezes, dissimuladas em correspondência ou em jornais.