O Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP) volta a ser contestado após os incêndios de domingo. Estruturas representativas dos bombeiros advertem para os problemas de funcionamento do mecanismo e pedem ao Governo que procure alternativas “modernas e fiáveis”.
“São precisos melhores equipamentos, com melhor sistema de retransmissão. Um sistema que fosse estudado com tecnologia avançada e de satélite. Um SIRESP moderno”, defendeu o responsável, para acrescentar que “só o engenho e capacidade de improviso de muitos bombeiros, em termos de comunicação, tem evitado que a dimensão das tragédias seja ainda maior”.
“Graças ao seu engenho vão conseguindo equilibrar os desequilíbrios que vão acontecendo. Num teatro de operações, num combate, numa batalha, contra um inimigo poderoso, as comunicações são umas das melhores armas que poderemos utilizar. A falta de comunicações pode fazer cair por terra qualquer estratégia que está montada”, acentuou Jaime Marta Soares.
Também o presidente da Associação Portuguesa de Bombeiros Voluntários apela à criação de uma rede de emergência com previsões para todos os tipos de riscos naturais, nomeadamente incêndios, terramotos e inundações, a par de um melhoramento do próprio SIRESP.
“Quando estamos muito dependentes da rede da PT, que nem sempre estão colocadas da melhor forma, pois muitas delas são aéreas e sofrem com os incêndios, e quando temos falhas por causa das zonas escuras, temos de pensar em alternativas ou melhorar o que existe”, fez notar Rui Silva.
“Compromisso total” da Altice
A presidente executiva da Altice/PT veio entretanto garantir que tratará de recuperar a infraestrutura atingida nas últimas horas pelos incêndios “o mais rápido possível”.
“Temos infraestrutura afetada em nove distritos, seis dos quais numa situação crítica. Significa 150 sites que foram afetados”, explicou Cláudia Goya.“Se os nossos sites arderam era porque havia incêndios”, afirmou Armando Pereira, cofundador da Altice.
“Temos 17 unidades móveis a assegurar as comunicações, duas das quais em trânsito para a zona centro, e temos vindo a disponibilizar telefones vsat [satélite] em diversas localidades”, continuou a administradora.
Já na rede fixa foram atingidas 109 áreas, ou seja, cerca de seis por cento da rede da Meo/PT.
Ainda de acordo com os dados da empresa, ficaram destruídos mais de 300 quilómetros de cabo. Arderam cerca de 2.500 postos.
“Independentemente desta situação, aquilo que contamos fazer é recuperar toda a infraestrutura o mais rápido possível, à medida que vamos tendo a autorização”, insistiu a presidente executiva da empresa responsável pela gestão da rede SIRESP, assumindo um “compromisso total” com este objetivo.
Questionada sobre tecnologias alternativas, Cláudia Goya respondeu: “Temos um grupo de trabalho no sentido de analisar essas alternativas de enterrar os cabos, é algo que estamos a trabalhar ativamente”.
A presidente executiva quis ainda expressar “palavras de solidariedade, conforto e força a todos portugueses” afetados pelos “trágicos incêndios”.
c/ Lusa