ARS nega que Centro Saúde da Figueira da Foz fique sem capacidade resposta no Verão

por Agência LUSA

O presidente da Administração Regional de Saúde do Centro refutou hoje declarações do director do Centro de Saúde da Figueira da Foz, segundo o qual o funcionamento daquela unidade estará ameaçado no Verão devido à falta de médicos.

Em conferência de imprensa realizada quarta-feira, o médico Vítor Sarmento, director da unidade de saúde, tinha alertado que a falta de médicos põe em causa a prestação de serviços clínicos durante o Verão, responsabilizando a tutela pela situação.

"Não é verdade. [O centro de saúde] tem capacidade suficiente para atender os utentes esporádicos [que ali acorrem]. São afirmações mal intencionadas", disse à Agência Lusa Fernando Andrade, presidente da ARSC.

Sarmento afirmou ainda, na altura, que a Figueira da Foz possui uma grande população flutuante, "pessoas que estão de férias e adoecem e às quais é preciso dar resposta".

Classificando a situação de "insustentável", o médico afirmou que só cortando as férias aos clínicos será possível funcionar no Verão.

Fernando Andrade contesta estas afirmações, explicando que um utente esporádico, "como o próprio nome indica, é alguém que, estando de férias, eventualmente acede ao Centro de Saúde".

"Mas a maior parte das pessoas que está de férias na Figueira, ou vai ao SAP (serviço de atendimento permanente) ou ao hospital. O trabalho do Verão não é tão sobrecarregado como o director quer fazer crer" sustentou.

Acusando o director do centro de saúde de "estar a fazer da questão um cavalo de batalha para promoção pessoal e política", o responsável da ARSC frisa, por outro lado, que Vítor Sarmento "é o único director de toda a região centro que não dá consultas".

"Por lei, deveria dar. Embora a lei preveja que o director possa reduzir o seu ficheiro de utentes, ele reduziu a zero", criticou.

Fernando Andrade aponta ainda "duas soluções a curto prazo" para que a instituição possa resolver a questão dos residentes na Figueira da Foz sem médico de família, 8.503 segundo a ARS, 8.682 segundo Vítor Sarmento.

"O director passar a ter ficheiro de doentes e redistribuir os que faltam pelos médicos do centro de saúde. Embora a Figueira da Foz se situe na média dos 1.500 utentes por médico, há clínicos abaixo desse número. Se fizessem uma redistribuição equitativa, resolviam grande parte do problema", afirma Fernando Andrade.

Segundo dados hoje fornecidos pela ARS, o quadro de médicos do Centro de Saúde comporta 43 vagas, cinco das quais não estão preenchidas. Existem ainda nove médicos a prestar serviço "extra- quadro", dois dos quais adstritos à saúde escolar.

Fernando Andrade contestou ainda a afirmação de Vítor Sarmento segundo a qual a Figueira da Foz tem "mais utentes residentes sem médico de família do que todos os 22 centros de saúde da sub-região de Coimbra somados".

"Há problemas bem mais graves de falta de médicos em Arganil, Góis, Tábua, Pampilhosa da Serra e Condeixa. O Centro de Saúde da Figueira da Foz tem grande capacidade de trabalho, não preocupa a ARS quando comparado com outros locais", disse.

Quanto às alegadas "promessas não cumpridas" do presidente da ARS sobre a colocação, em Fevereiro, de dois médicos na Figueira da Foz, Fernando Andrade acusa Vítor Sarmento de "falta de honestidade e de carácter".

"As duas médicas chegaram a estar contratadas, mas quando saíram as colocações definitivas, optaram, naturalmente, pelo definitivo. O senhor director do Centro de Saúde tem conhecimento disso", alegou.

O presidente da ARS recordou ainda que está a decorrer um concurso para colocação de três médicos no Centro de Saúde.

"Assim que os três médicos estiverem colocados, todos os utentes da Figueira da Foz ficam com médico de família. O director é vogal do júri e este é todo constituído por elementos do Centro de Saúde. É a eles que cabe dar andamento ao concurso, que está a decorrer há meses e não se despacham", frisou.

Entretanto, o coordenador da sub-região de saúde de Coimbra, Luís Santiago, acusado pelo director do Centro de Saúde da Figueira da Foz de "incompetência na gestão de recursos humanos", afirmou à agência Lusa ter dado conhecimento das declarações de Vítor Sarmento à Inspecção-Geral de Saúde.

"São declarações acintosas que não podem passar em claro. Eu não consigo inventar médicos, mas nunca regateei esforços para resolver os problemas. O próprio ministro da Saúde diz que não há médicos de família em Portugal em número suficiente e admite ir buscá- los a Espanha", concluiu.

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