Um dos arguidos suspeitos da morte de um talhante de Leiria negou hoje em tribunal a autoria do crime, mas confessou ter escondido o cadáver das autoridades com receio de ser preso.
A declaração marcou a primeira sessão do julgamento de dois homens acusados de homicídio qualificado de um proprietário de um talho na Barosa, Leiria, em Fevereiro deste ano.
Segundo o arguido, o único que quis prestar declarações, na noite de 04 de Fevereiro, ouviu "um grande estrondo" quando estava na rua a falar com outro amigo e, quando chegou a casa, viu o cadáver da vítima deitado no corredor e o cunhado ao lado.
Contudo, o arguido nega que o cunhado, que é também acusado de co-autoria, tenha assumido a responsabilidade do crime, dizendo que este lhe garantiu não estar junto da vítima no momento do tiro.
"Ele disse-me que não era ele", afirmou, fugindo às questões colocadas pelo colectivo de juízes sobre quem seria então o autor do disparo.
A vítima havia sido convidada pelo arguido a ir a sua casa para receber uma dívida de 180 euros, relativa a compras no talho, e foi morta cerca das 20:45 com um disparo de revólver.
"Não fui eu nem sei quem foi" que disparou, afirmou hoje no tribunal o arguido, alegando que o crime de ocultação do cadáver fora feito com receio que viesse a ser detido.
"Fiquei desesperado ao ver aquilo em minha casa e esperava que não fosse descoberto", justificou o arguido, que confirmou a existência de várias dívidas a outras casas comerciais.
Depois de ter encontrado o cadáver na sua casa, o arguido confirmou ter incendiado a carrinha onde a vítima se deslocava, com a ajuda do cunhado, tendo enterrado o corpo no dia seguinte na mata de São Pedro de Moel, concelho da Marinha Grande.
De acordo com a acusação, o corpo foi encontrado com vários sinais de golpes com uma picareta, mas o arguido negou qualquer agressão à vítima.
"Não fui eu", sublinhou, apesar dos insistentes pedidos de esclarecimento do colectivo de juízes.
PJA.