Uma década depois do fim do Grupo Espírito Santo (GES), começou esta terça-feira o julgamento do principal caso dos sete processos que resultaram da investigação do Ministério Público (MP). Este caso envolve 18 arguidos e em causa estão mais de 300 crimes. Ficou conhecida a citação de um provérbio chinês que Ricardo Salgado fez no início da comissão parlamentar de inquérito ao BES, em 2014: "O leopardo quando morre deixa a sua pele. Um homem quando morre deixa a sua reputação".
Considerado um dos maiores processos da história da justiça portuguesa, este caso agrega no processo principal 242 inquéritos, que foram sendo anexados, e queixas de mais de 300 pessoas, singulares e coletivas, residentes em Portugal e no estrangeiro.
O principal arguido é Ricardo Salgado, o antigo presidente do BES, que responde por 62 crimes, alegadamente praticados entre 2009 e 2014. Entre os crimes de que é acusado surgem: um de associação criminosa, 12 de corrupção ativa no setor privado, 29 de burla qualificada, cinco de infidelidade, um de manipulação de mercado, sete de branqueamento de capitais e sete de falsificação de documentos.
A primeira sessão do julgamento, cujo coletivo de juízes é presidido pela magistrada Helena Susano e constituído ainda pelos magistrados Bárbara Churro e Bruno Ferreira, ficou reservada para exposições introdutórias. Cada interveniente tem, no máximo, 15 minutos para apresentarem resumidamente os factos que pretendem provar. No processo estão ainda 1.698 pessoas com estatuto de vítimas.
Os arguidosAlém de Ricardo Salgado, vão também a julgamento Amílcar Morais Pires, Manuel Espírito Santo Silva, Isabel Almeida, Machado da Cruz, António Soares, Paulo Ferreira, Pedro Almeida Costa, Cláudia Boal Faria, Nuno Escudeiro, João Martins Pereira, Etienne Cadosch, Michel Creton, Pedro Serra e Pedro Pinto, bem como as sociedades Rio Forte Investments, Espírito Santo Irmãos, SGPS e Eurofin.
As testemunhas devem começar a ser ouvidas na próxima quinta-feira e essa sessão vai começar pela reprodução da gravação do depoimento de António Ricciardi.
O antigo presidente do Conselho Superior do GES morreu em 2022, mas o depoimento prestado na fase de inquérito, em 2015, terá a validade de prova testemunhal ao ser reproduzida em tribunal. As declarações de arguidos, se existirem, também estão programadas para quinta-feira.