António Couto dos Santos diz que professores "têm sido desconsiderados e esquecidos"

por RTP

Em entrevista à RTP, o antigo ministro da Educação António Couto dos Santos disse que os professores têm sido "desconsiderados pela governação e esquecidos pelos partidos políticos" e que a Educação "deixou de ser considerada prioridade".

Para Couto dos Santos, a luta dos professores "é justa porque muitos dos problemas em cima da mesa têm mais de 20 anos".

"Os professores são o elemento fundamental de uma escola e, portanto, temos de o respeitar", afirmou, destacando que não é apenas preciso aumentar os salários, mas também "dignificar a profissão".

O antigo ministro da Educação criticou também os sindicatos, afirmando que muitas vezes procuram apenas protagonismo. "O que interessa é o resultado da negociação e não o protagonismo da pessoa que está a liderar e Portugal é um país de protagonistas", afirmou.

"O diálogo com o Governo tem que ser um diálogo no sentido de obter melhores condições para os seus representados, não para eles serem protagonistas", apontou.

Couto dos Santos observou ainda que "desde que a Geringonça foi constituída, a capacidade de reivindicação por parte dos sindicatos diminuiu, nomeadamente da Fenprof". "Ao diminuir, levou a que outros sindicatos aparecessem", explicou.

O antigo ministro da Educação diz que o Governo deveria ter elaborado "um dossier com cada ponto e estabelecer um calendário com os próprios sindicatos e partir para uma negociação ponto por ponto, definindo prioridades".

Couto dos Santos diz que "o Governo tem que acordar" e que têm "obrigatoriamente" de sair soluções das negociações.

Couto dos Santos, do PSD, foi ministro da Educação entre 1992 e 1993, o ano que ficou marcado pela mais intensa contestação estudantil às provas globais de acesso ao ensino superior e às propinas.
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