Era uma estrada como há tantas outras em Portugal. No passado sábado, a estrada nacional 236-1 tornou-se na "estrada da morte", o local onde 47 pessoas perderam a vida. Dezenas de famílias ficaram encurraladas na estrada que une Castanheira de Pêra a Figueiró dos Vinhos, servindo ainda de acesso ao IC8.
Os condutores não conseguiam seguir em frente, poucos conseguiram voltar para trás. Os populares e as autoridades dizem que o fogo chegou de forma repentina, que não era expectável que se produzisse aquele inferno em plena estrada nacional.
A outrora via rodeada por floresta verdejante e densa deu lugar a uma estrada cercada por uma floresta negra. No asfalto danificado, durante longas horas, permaneceram os carros destruídos. O antes e o depois é notório.
Montagem: Sara Piteira - RTP | Fotografias: Google Maps e Miguel A. Lopes - Lusa
A dimensão da tragédia ganha ainda outro relevo com as imagens aéreas captadas pelo drone da RTP. Logo no domingo, os carros são rebocados, debaixo de um céu pintado a sépia, ainda sob forte influência do fogo que semeou a morte naquele troço de 500 metros.
A estrada tornou-se o palco principal da tragédia. Somam-se as aldeias devastadas e as extensas áreas de floresta que desapareceram. O verde deu lugar ao cinzento. Os últimos números apontam para mais de 50 mil hectares consumidos pelas chamas.
O cenário repete-se nos dias seguintes. O fogo deixa uma floresta pintada a cinza, desfeita de árvores e vegetação. À entrada de Nodeirinho, duas viaturas e árvores caídas.
Ao longo das aldeias serranas, multiplicam-se as imagens de casas destruídas, de telhados que desabaram. São aldeias carbonizadas, à espera dos habitantes que sobreviveram.
Imagens captadas a 19 de junho
Os números do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas revelados à Lusa indicam que pelo menos 52.992 hectares foram consumidos pelo incêndio de Pedrógão Grande, que se “uniu aos de Figueiró dos Vinhos, Alvaiázere, Penela e Góis”.
A contagem ainda é provisória, uma vez que só depois de totalmente extintos serão apresentados números finais. Ainda não está incluída a área ardida de Castanheira de Pera e Pampilhosa da Serra.
A extensa área de floresta queimada estende-se por diferentes concelhos, numa área marcada pela confluência dos distritos de Leiria, Coimbra e Castelo Branco.
Imagens captadas a 20 de junho de 2017
Perante o cenário de destruição, impõe-se um gigantesco esforço de reconstrução. Na agora chamada “estrada da morte” é necessário remover e substituir o alcatrão, o que obriga a que a circulação automóvel se faça de forma alternada. Noutros locais cortam-se as árvores que, apesar das chamas, se mantiveram de pé.
A EDP procede à reparação da rede elétrica que ficou danificada pelo fogo. Em dezenas de aldeias da região, há casas destruídas. É preciso por mãos à obra, trabalhar para que os desalojados voltem a ter uma casa digna desse nome.
Imagens captadas a 21 de junho de 2017
O incêndio de Pedrógão Grande matou 64 pessoas e deixou mais de 200 pessoas feridas. É o incêndio mais mortífero de que há memória em Portugal. Consumiu dezenas de milhares de hectares e colocou o país nas manchetes da imprensa mundial pelos piores motivos.
O efeito do fogo é mesmo visível do espaço. As imagens captadas pela NASA revelam a dimensão do incêndio que atingiu a zona de Pedrógão Grande e permitem constatar a evolução ao longo dos dias.